Pelo direito à educação e a uma escola pública de qualidade

Iniciamos 2023 com o protesto do pessoal docente e não docente nas nossas escolas. Numa ação de união nunca vista, uma luta conjunta por melhores condições de trabalho, carreira e estratégias para um ensino com sentido e não ao sabor do vento de quem entra e sai dos lugares de decisão nacionais. Esta é sem dúvida uma luta de todos os agentes envolvidos no processo educativo, deve ser também uma luta dos pais e dos alunos.

Tenho ouvido, de alguns pais, que os professores estão a esquecer o direito à educação/ensino das crianças e jovens, ao fazerem greve. Antes pelo contrário, é exatamente pelo direito a uma educação/ensino de qualidade que se estão a bater. Não basta ter uma escola aberta, onde se possam deixar as crianças e jovens, é necessário que esta seja um espaço de verdadeira aprendizagem, afeto, e permanente desenvolvimento. Os professores são o pilar principal desse processo. Desejaria que o meu filho não estivesse há um mês sem aulas? Desejaria, sem dúvida. Mas desejo ainda mais que ele encontre na escola um espaço complementar de crescimento pessoal, de aprendizagem, de despertar da curiosidade, de alargar de horizontes, de possibilidade de expressão individual e coletiva.

Desejo também que ele tenha ao seu dispor professores motivados e com tempo para desempenhar a sua principal missão que é ensinar, ajudar a aprender, a superar dificuldades, a desenvolver pensamento critico. Desejo um espaço onde os afetos, a empatia, a descoberta, a compreensão e aceitação do outro e nas suas diferenças, seja um dos objetivos na formação dos nossos jovens em resposta aos desafios deste tempo.

Não desejo um espaço onde se debitem conteúdos e se peça para decorar e despejar num teste, onde a opinião individual não tenha espaço, onde o ritmo diferente na aprendizagem não encontre apoio, onde a sobrecarga do pré-definido, não permita o ajuste e o espaço para desenvolver novas aprendizagem e a expressão da criatividade de alunos e professores, onde o professor se torne um burocrata e não um verdadeiro agente transformador.

A escola não pode ser um mero espaço físico onde se “despejam” as crianças e jovens e “se espera” que vão cumprindo os requisitos para terminar a escolaridade. A escola deve ser um espaço divertido de aprendizagem: Ensinar e aprender deve ser entusiasmante e divertido para professor e aluno. O que aprendemos tem de se ajustar aos novos tempos e à realidade dos jovens de hoje, que têm acesso à informação de uma forma completamente diferente. O professor tem de ser respeitado, e necessita, como todos os profissionais, que lhe sejam criadas as condições necessárias ao exercício da sua função, sem ter de estar anos a fio à espera de progressão na carreira e de estar, também ele enquanto encarregado de educação, perto dos seus filhos e não a quilómetros de distância, com tudo o que isso implica de instabilidade na sua vida familiar.

A escola são também pessoas que ajudam outras pessoas a desenvolver conhecimento e a construir-se como tal.

 

“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.” – Paulo Freire

 

Uma sociedade sem uma boa educação, é uma sociedade condenada, sem futuro, feita por pessoas “cegas” e facilmente manipuláveis, que seguem no rebanho atrás do pastor, deixando-se levar por populismos fáceis. Uma boa educação desenvolve sentido crítico, ensina a pensar, a ser cidadão ativo. Investir na educação é o melhor investimento que se pode fazer para promover o desenvolvimento, a igualdade de oportunidades, preservar a liberdade e a democracia. Numa melhor escola reside a esperança de construção de um mundo melhor e de salvar este planeta tão maltratado por líderes a quem apenas interessam os números e os lucros, sem preocupação com a herança que deixam para as futuras gerações.

A minha solidariedade para com os professores e o pessoal não docente, que estão na linha da frente nesta luta que é de todos.

 

“Educação gera conhecimento, conhecimento gera sabedoria, e só um povo sábio pode mudar seu destino.” – Samuel Lima

 

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