Miguel Braz

Natural de Silves, licenciado em Relações Internacionais pela Universidade de Évora e mestre em Economia e Políticas Públicas pelo ISCTE-IUL. Atualmente trabalha na Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, onde é responsável pela área do empreendedorismo e inovação, no âmbito das relações económicas bilaterais entre Portugal e China. Entusiasta por questões da geopolítica, economia internacional e estudos do conflito. Na área económica acredita que as startups criam disrupções de mercado que reanimam mercados apáticos e atraem investimento e empregos.

Pouco há de Algarve nestas legislativas

O Algarve continua um território estranho para quem se candidata à Assembleia da República. As medidas políticas para a região não são nem debatidas antes das eleições, nem aplicadas depois das mesmas. Os políticos não querem saber e os algarvios respondem não aparecendo nos locais de voto. Recordemos que o Algarve teve uma taxa de abstenção de 54,17% nas últimas eleições legislativas, uma das mais altas no país. Quando falamos no abandono e desertificação do interior do país não será normal pensarmos no Algarve, pensamos antes no Alentejo ou em Trás-os-Montes. Nem será dos lugares com maiores dificuldades socioeconómicas, porque …

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As autárquicas estão aí e a regionalização é o mais importante

Durante as próximas autárquicas vão passar precisamente 23 anos desde o último referendo em Portugal sobre a regionalização. Efetivamente, sobre este assunto nada mais se passou de relevante desde o referendo, sendo que Portugal continua a ser um dos países europeus mais centralizados. A ausência de regiões administrativas é uma situação anómala na União Europeia, considerando que todos os Estados Membros com apenas dois níveis de administração (poder nacional e local) são mais pequenos que Portugal. Existem vários países, com menos habitantes, com três níveis de administração (local, regional e nacional). Tendo em conta todos os problemas do país relativamente …

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A razão vence a demagogia

Não é segredo que um dos maiores receios de George Washington e dos pais fundadores dos Estados Unidos da América (EUA) era que demagogos tentassem aproveitar o caos e confusão de uma nação recém criada. Eram referidos como o mais venenoso que existe para a constituição das democracias. Muito próximo da famosa Convenção Constitucional de Filadélfia, em 1787, Washington escreveu ao seu amigo Marquis de Lafayette, a explicar que o propósito crítico da participação nesta convenção seria impedir que um demagogo ganhasse demasiado poder num país que ainda era instável, consequentemente destruindo-o. A eleição, mesmo que justa, de políticos com …

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O atraso do mundo em relação à tecnologia

Estávamos em 2016 quando a maioria de nós despertou para uma ameaça tecnológica real dentro das instituições democráticas. Nesse ano, operadores russos organizaram um esquema de interferências nas eleições americanas. Sem querer entrar em muito detalhe, as redes sociais encheram-se de “bots” (perfis falsos) russos que espalharam desinformação acerca da campanha da Secretária de Estado americana Hillary Clinton. Tal operação influenciou a decisão de milhões de eleitores, que permitiram, em maior ou menor medida, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Escândalos como a Cambridge Analytica, que aconteceu poucos anos antes, estão intimamente ligados com esta …

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O corpo estranho de Hong Kong

Hong Kong e Macau são regiões que têm uma história cheia de ligações comuns. São vizinhas. Ambas foram colónias de países ocidentais. Ambas com sistemas políticos e estruturais diferentes da China continental. Ambas sujeitas a um processo de negociação muito peculiar para a transferência de soberania (aliás a principal razão pelos choques atuais entre Hong Kong e a China). Poderia continuar a traçar uma série de outras ligações comuns entre os dois territórios, mas a verdade, é que a principal ligação é o facto das pessoas de Macau e Hong Kong disporem de duas coisas importantes: Podem escolher como são …

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Este orçamento é poucochinho

Infelizmente, a capacidade financeira da Câmara Municipal de Silves é muito reduzida. Está longe de ser um concelho capacitado para grandes investimentos e apoios à sua população e infraestrutura. Isto acontece por consequência de uma série de condições próprias do nosso território e características do seu tecido empresarial e social. Obviamente que também podemos juntar a isto a forma de atuação dos nossos líderes municipais ao longo das décadas. Sabemos também das dificuldades dos últimos anos advindas da crise financeira global e o consequente corte do Governo Central às tranches financeiras para as autarquias, algo que ainda hoje estamos a …

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E depois do petróleo?

Augusto Santos Silva, o nosso Ministro dos Negócios Estrageiros, que até tenho em muita consideração, foi o testa de ferro de António Costa nesta trapalhada do petróleo no Algarve. Prospecção apenas, dizia o senhor Ministro. Mas que me digam uma operação a nível global que tenha apenas prospecção e não produção também? Gastam rios de dinheiro apenas para prospetar? António Costa por sua vez foi o testa de ferro dos interesses das grandes multinacionais petrolíferas, o que é extremamente embaraçoso, para um político que usa as energias renováveis e o ambiente como bandeiras. Os sinais estiveram todos lá, como as …

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Investir na ciência das alterações

O tempo está a mudar. O IPCC (Painel intergovernamental para as Alterações Climáticas), fala em fenómenos fora do comum cada vez mais frequentes. Foi desenhado um novo cenário com ameaças concretas a nível global, e os nossos estilos de vida vão mudar, tal como o mapa-mundo que conhecemos. O Algarve é provavelmente uma das regiões portuguesas que será mais afectada pelas alterações climáticas. Menos água, subida do nível médio do mar, fenómenos meteorológicos extremos, incêndios frequentes, ciclos de seca permanentes, entre outros. Muitos destes acontecimentos já são sintomáticos por cá, e é demais óbvio que não estamos preparados. São necessárias …

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Via do Infante: entre a espada e as portagens

Existe em Lisboa um problema de mobilidade, é a cidade ibérica onde se perde mais tempo no trânsito. É infernal, existe uma considerável taxa de acidentes e a poluição aérea é evidente. Este factor acontece não apenas porque as pessoas gostam de andar de carro, mas porque os transportes públicos não oferecem uma alternativa credível, nem em quantidade nem em qualidade. Ora no Algarve praticamente não existem transportes públicos (sérias lacunas no transporte rodoviário e uma linha ferroviária cada vez mais obsoleta e com poucas alternativas, ainda à espera da eletrificação, que é concretizada só este ano). Os algarvios, órfãos …

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Pensar a internacionalização dos municípios

Vivemos cada vez mais numa sociedade e economia global, extremamente dependentes de tudo o que se passa em todos os lugares. Uma guerra civil num estado africano pode prejudicar um país asiático. As distâncias são hoje meras indicações geográficas, com cada vez menos importância no mapa económico e social. A tecnologia e a evolução dos transportes assim o permitiu. Ao mesmo tempo que este processo avança, aumenta a competição entre as várias economias locais, procurando mostrarem-se no mercado global e aumentar o seu valor em relação à concorrência. Este é um jogo dual, pois enquanto existe esta híper competição de …

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