Paulo Penisga

O rio Arade, o Ambiente e a ideia de Progresso

O rio Arade é no presente um rio que deve a sua vida ao mar. É um estuário de marés, expressão usada por Francisco Matos, ex-presidente da câmara de Silves, no debate “O futuro do rio Arade”, promovido pela ASPEA e o Grupo dos Amigos de Silves, no âmbito do dia Mundial dos Rios, a 29 de setembro. É um rio que vê o seu caudal, desde a foz em Portimão até Silves, alimentado ao contrário, ou seja, pelo mar e suas marés. Com a seca e a consequente escassez de água, a montante as ribeiras já dificilmente geram corrente, …

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Pensar como sinónimo de ousar

Para os navegantes com vontade de vento,  a memória é um ponto de partida  Eduardo Galeano, Palavras Andantes  Pensar é também construir o futuro. Com ousadia e sem temor. Silves é, no presente, praticamente monumentos e turismo: que vive precisamente da riqueza do seu monumental património histórico edificado (castelo, arco da almedina e sé) e arqueológico (poço cisterna/museu municipal). E o grande evento que é a feira medieval tem na sua malha urbana mais antiga o espaço ideal para a sua realização. Ou seja, o nosso rico património arquitetónico e histórico é testemunho de um passado significativo e fonte de …

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Gisela João, Do embalar à inquietação

Gisela João, de quem sempre gostei da ousadia, desde o primeiro momento em que se afirmou como fadista, genuína, deu em Silves, na Fissul, no âmbito da Mostra Capital da Laranja, um excelente concerto. Do fado às canções de José Afonso, tivemos oportunidade de ouvir uma voz poderosa, modelada e ampliada em diferentes registos. Ouvi-la e vê-la no palco, ajoelhada, elevar a voz, numa interpretação muito singular da Canção de Embalar, silenciando por completo uma plateia, embalou a estrela d’alva no alvorecer da emoção. Falando no intervalo das canções como se estivesse entre amigos ou em família, mulher do norte, …

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No condado das duas damas

Apesar da aparente pacatez nas terras do condado, com sua mui nobre cidade, de altivo Castelo e vetusta Sé, de belas e bem aparelhadas pedras grés, reinava algum descontentamento entre os habitantes do burgo. É certo que hordas nórdicas de turistas aí aportavam, alguns descendo o Arade como os cruzados de 1189, não para guerrear, mas conquistados pelos seus monumentos, sol e boa comida, inundando esplanadas da baixa e subindo como imensa maré humana ruas acima até à sua parte alta. O negócio corria. O turismo os restaurantes enchia, o comércio satisfazia com o ganho do dia. À noite a …

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Algumas pertinências impertinentes

Ainda sobre as árvores e na sequência da elucidativa conferência do arquiteto paisagista, Gonçalo Duarte Gomes, promovida pelos Amigos de Silves, algumas breves considerações. De entre várias questões abordadas na comunicação, apraz-me relembrar o princípio de que a árvore é um ser vivo e não um objeto. Parece um entendimento básico, mas a indiferença e até o desprezo com que as ignoramos e tratamos não revela essa evidência. Assim, mais até do que o conhecimento científico, o qual nem sempre é consensual, basta pensar, por exemplo, que um estudo de impacte ambiental pode ter opiniões tão divergentes, consoante os interesses …

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Peregrino da sombra e do espírito (sem refúgio na casa de Deus…)

Já a meio da subida da rua da Sé (a medieval rua Direita), em tarde desesperadamente quente, depois de comidas umas sardinhas à beira-rio e de regresso a casa, o espírito peregrino decide-se por uma ida até à Sé, a qual avistava admirável como sempre, mas de imediato como possível local de refúgio ao calor. À entrada, a placa a indicar 2 euros visitantes, na secretária aonde uma senhora, sentada, fazia o seu crochet, para ajudar a passar o tempo. Entrei com as  boas tardes e disse que ia rezar. Ao que me respondeu que para rezar havia a capela, …

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Apenas miúdos

Just a small town boy Johnny Cougar Éramos apenas miúdos numa pequena cidade de província. A sul, no Algarve. Tu, entre tantos outros. Mas às vezes lembro-me de ti. Mais sonhador, difícil de conter nos limites da previsível oferta diária. Quando Abril chegou e o país libertou, a adolescência despertava turbulenta em ti. Como se a emoção da multidão se confundisse com a revolução do teu corpo. Ainda no ciclo preparatório, sentados nos bancos dos pré-fabricados contentores sala, saíamos para a rua a manifestar-nos, desafiados pelos mais velhos da escola técnica/liceu que atravessavam o jardim irrompendo escola adentro. Lembro-me de …

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Das árvores

Ao contrário da ideia geralmente divulgada e do que se verifica nas árvores de arruamento de diferentes municípios, estas não necessitam de sofrer podas radicais. A poda deve ser feita unicamente como forma de limpeza, retirando os ramos velhos e mortos, ou a título excecional quando, por alguma razão, não se pretende que os ramos se expandam, impedindo uma passagem, por exemplo. As árvores devem desenvolver-se de forma natural e os resultados das podas são, na maioria dos casos, negativos: as feridas criadas tornam-se zonas mais propícias ao desenvolvimento de doenças e esteticamente os resultados não são os melhores. Infelizmente …

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De um tempo presente

Para a minha filha Marta De um tempo novo a crescer como esperança em ti e mais ameaçador do que nunca lá fora. Um planeta ameaçado, explorado nos seus recursos e beleza única, sem dó nem piedade. E uma guerra que parecendo longe nos bate à porta da consciência todos os dias. Sim, eu sei, há sempre aquelas explicações muito adultas e bem elaboradas da geoestratégia, da política internacional, das zonas de influência e dos interesses económicos Mas concordo contigo, filha, e para além da complexidade, há esse sentir justo, mais verdadeiro e jovem de quem não aceita e quer …

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