– Que pretendeis? – Perguntou o Emir.
– Que podeis? – Questionou o visitante.
– Consigo tudo. – Respondeu o Emir.
– Desejo que terminais com o banquete real e com os lugares reservados nos torneios de cavalaria e no espetáculo noturno no castelo. – Solicitou o visitante.
A Feira Medieval de Silves voltou com a vivacidade anterior à pandemia, com bastantes artistas e casas de pasto, com menos artesanato. Contudo, existem dois aspetos que penso que poderiam ser melhorados: o conceito de banquete real e os lugares reservados nos espetáculos pagos para além das entradas na feira.
A menos de cinquenta metros da minha casa é instalado o banquete real. O próprio nome não é adequado à vivência histórica dos dias islâmicos. Temos o muezim a fazer o chamamento para a oração e, em contradição, um banquete real, não existindo qualquer realeza por estas bandas, com meia dúzia (não estou a ser exagerado) de turistas excêntricos e uma dúzia ou talvez mais de convivas à custa do orçamento de cada um de nós. Uma interessante alternativa a este espaço de lazer, inspirada numa atividade que surgiu este ano, seria uma prova de verdadeira comida árabe e/ou mediterrânica, disponibilizada a todos os visitantes.
Um espaço aberto de pequenos pratos, tipo tapas, com a tradicional comida da bacia mediterrânica, dos países do norte de África e do sul da Europa. Naturalmente que este espaço seria oficial e com profissionais conhecedores dos paladares mediterrânicos. Uma verdadeira alternativa, dentro da feira, às mistas de carne porco e ao kebab, oferta praticamente exclusiva desta feira e, por ventura, de todas as restantes feiras medievais.
No dia em que fui às Noites do Oriente existiam, na centralidade da primeira fila, doze lugares reservados. Pensei que seriam para personagens fardadas à época do século XII. Qual não foi o meu espanto quando os lugares foram ocupados por gente indiferenciada, na maneira de vestir: duas senhoras, três técnicos superiores da autarquia, um casal, dois responsáveis da proteção civil, fardados, e três pessoas, em que uma delas era tratada como senhor arquiteto. O mesmo se passou nos Jogos de Guerra, uma faixa central de cadeiras reservadas ocupadas por gente indiferentemente trajada. A urbanidade e grandiosidade da feira ganhava com a radical supressão destes provincianismos.
Bom regresso às rotinas outonais.


