“Hienas” é o título do single póstumo de Dezman (Mauro da Cunha) músico silvense, falecido recentemente. Lançado na data do seu nascimento “é uma dedicatória a todos aqueles que ainda põem a alma naquilo que fazem”.

Este trabalho foi apresentado pela editora Kimahera, de Armação de Pêra, fundada e dirigida por Reflect (Pedro Pinto) que, no dia 5 de fevereiro, lançou a música “Imortais” dedicada ao “colega de palco e eterno amigo”. “Uma música que preferia não ter feito, mas que merecia existir por tudo aquilo que conseguimos construir em conjunto”.
“Contar a nossa história é também falar de racismo, de preconceito, de rivalidades e de todos os outros muros que fomos mandando abaixo com este amor pela música que nos fez falar sempre a mesma linguagem. É verdade que a nossa música chegou a muita gente, marcou uma geração, mas nunca nos encostámos a esse passado glorioso. Continuámos aqui a batalhar pela nossa relevância projeto a projeto, faixa a faixa.
E sinto que nesta fase da nossa vida e carreira, merecíamos mais reconhecimento. Foi para tentar repor alguma justiça nisto que decidi contar a nossa história, à minha maneira, pelos meus olhos, por palavras minhas. Para que o mundo possa, para sempre, conhecer-te”, acrescenta Reflect.
A música saiu com um videoclip “que vai ilustrar na perfeição esta viagem pela nossa memória conjunta” que nasceu no momento em que estes dois artistas do Algarve se juntaram para criar o que viria a ser o álbum de estreia do Dezman e a primeira pedra da Kimahera: Atmosfera Hostil
Imortais ( excerto)
Quando o nerd de Armação ao dread de Silves se juntou
Foi rebeldia pura e até ficava mal
Um branco da moradia, um preto do bairro social
Mas provámos nesta porra que a arte é incolor
Que a linguagem é a mesma quando o tema é amor
Que o preconceito é transparente quando o coração comanda
Com rimas e um microfone, MCs em palco viram banda
Sonhámos e ousámos durar mais do que ponteiros
A espalhar alma em poesia com relatos verdadeiros
Cinzas narradas pela voz do que foi escrito
Lendas do nosso tempo a rimar no infinito
O mundo vai girando e eu não corro mais
O tempo vai passando e tu p’ra onde vais?
A estrada terminou, foi curta demais
Não cabemos no corpo, somos imortais


