Cidadania

Um dos maiores fatores que entrava o desenvolvimento económico e social das comunidades locais e do país no seu todo, reside na escassa e pouco esclarecida participação cívica dos cidadãos.

A participação nos atos eleitorais é demonstrativa do alheamento da maior parte da população quanto aos destinos do país. Nas últimas eleições legislativas a abstenção ultrapassou os 50%! Dizem os analistas, e sente-se de alguma forma esse fenómeno nos meios locais, que significativa parte dos indivíduos justificam o seu comportamento com o descrédito na chamada classe política e nas instituições, colocando tudo e todos no mesmo saco, quando na verdade, em qualquer profissão ou classe social, existem incompetentes, gente amorfa e corruptos, mas também aqueles que são capazes, talentosos e idóneos.

Bem sabemos que a razão de fundo de tal postura deriva do aprofundamento das desigualdades sociais, da pobreza, da inexistência de igualdade de oportunidades e da ausência de resultados convincentes na ação governativa. Contudo, na prática, quer se queira ou não, os candidatos são eleitos, os partidos ganham eleições e os governos formam-se, sucedendo que a nível nacional vencem sempre os mesmos, mantendo-se a famigerada bipolarização entre PS e PSD e o (falso) voto útil, resultando sem sentido e legitimidade as queixas e os protestos subsequentes por parte daqueles que se afastaram das decisões e abdicaram de usar a poderosa arma do voto que tão pesados sacrifícios exigiu até ser conquistada com o 25 de Abril de 1974.

Para mudar a política, os partidos, as instituições e a sociedade é preciso exercer a cidadania ativa, de forma consciente e com conhecimento de causa, que é coisa que nem sempre acontece, porque a iliteracia, os precários níveis de educação formal e informal, a ausência de hábitos de leitura e reflexão sobre os problemas, encontram-se presentes em largo segmento da população portuguesa, arrastando-se há várias gerações.

A facilidade com que se recorre à “cunha” e se pratica o menor ou maior delito, a hipocrisia social e certa permissividade quanto à pequena ou grande corrupção (políticos houve que mesmo depois de acusados e/ou condenados, receberam o voto da maioria do eleitorado!), ao mesmo tempo que se critica e ofende o comportamento dos demais com a maior da ligeireza, comunicando à distância pelas redes sociais com um simples teclar, evitando o “cara a cara”, é um problema endémico da sociedade lusa. Tipos de comportamento, de uma “condição” portuguesa, que Eça de Queiroz tão bem caraterizou durante a segunda metade do século XIX através das personagens dos seus livros (no essencial, com surpreendente atualidade) ou que se projetam na figura contraditória do “Zé Povinho, um saloio patético que faz manguitos nas costas do patrão, porque, à sua frente, não tem a coragem de dizer o que pensa” que no dia-a-dia, simultaneamente, revoltado, desconfiado, resmungão, manso, apático ou submisso, nada faz para transformar a realidade.

 

Apostila I – O Município de Silves concluiu e inaugurou o Parque de Feiras e Exposições de S. Bartolomeu de Messines – Espaço Multiusos, no dia 27 de Outubro do corrente, velha aspiração dos habitantes da Vila de João de Deus, criando uma nova centralidade urbana e dando forte e qualificado contributo para o desenvolvimento local nas esferas económica e social. Mais de 20 anos após a expropriação dos terrenos do parque durante o 2.º mandado autárquico de maioria CDU na Câmara Municipal de Silves (1994-1997), contrariando as vozes que afirmavam ser impossível de concretizar por razões testamentárias, é também sob liderança CDU no município que se projetou e executou a obra.

 

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