Arquivos Tags: Paula Bravo

A rentrée e o fim de abundância

O mês de setembro é associado à rentrée, no sentido de reabertura e recomeço, depois do agosto que associamos a férias. É também um tempo em que há uma espécie de acalmia… é quando os ritmos das rotinas voltam a estar alinhados, em que tudo volta “ao normal” … Nos últimos anos, no entanto, esta normalidade foi drasticamente quebrada pela pandemia e sem que saibamos o que aí vem, no próximo inverno, podemos desde já antecipar que não serão tempos fáceis para a grande maioria da população. Os sinais de uma grave crise económica, que ameaça seriamente a nossa estabilidade …

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“O direito à preguiça”

Quando deveria estar a terminar a edição de julho, tive de enfrentar a doença por Covid-19. Por uns dias, debati-me com os sinais de uma gripe forte e uma tremenda vontade de não fazer nada, além de estar deitada. Há uns anos atrás, estar doente significava ausência no local de trabalho e inatividade profissional. Hoje, com o teletrabalho vulgarizado em muitos sectores e com as ferramentas de trabalho dentro da habitação, o direito ao descanso em caso de doença perdeu-se para muitas pessoas. Assim se passou comigo, a aproveitar os minutos de maior capacidade para ir mantendo ativo o site …

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Museus para que vos quero (?)

Nesta edição ( do Terra Ruiva/junho)  publicamos uma notícia sobre a reconfiguração do projeto existente, de há quase duas décadas,  para a construção de uma albergaria/estalagem e de um museu do azeite em São Marcos da Serra, pela Câmara Municipal de Silves. Por vicissitudes várias, a obra foi abandonada em 2009 e assim tem permanecido. Recentemente, a autarquia decidiu inverter essa situação, propondo alterações ao projeto inicial, convertendo o espaço da albergaria num centro de acolhimento de idosos, considerado muito necessário na freguesia. Mas mantém a ideia da construção de um museu do azeite. E aqui se lança a questão, …

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Os meus impostos são melhores do que os teus

A pandemia da Covid-19 levou a que muitas pessoas procurassem refúgio no campo, em casas de família ou noutras que alugaram e compraram. Para alguns foi um refúgio temporário, outros decidiram torná-lo permanente, muitas vezes dando concretização a um desejo que já alimentavam, de uma vida a outro ritmo. Mas o sonho idílico de viver no campo, ou em aldeias, que muitos citadinos têm, choca frequentemente com a realidade – e essa nada tem de idílico. Com surpresa (!) muitos descobrem que nesses locais as estradas são frequentemente más e de terra batida, não existe rede de água e de …

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Já não se percebe nada

Não sei se o leitor estará como eu. Eu estou sem perceber nada. O que me vem à cabeça é aquela frase que usávamos antes dos exames, na escola, quanto mais estudo mais parece que nada sei.. Vem isto a propósito da composição do novo Governo. Vai uma pessoa à procura de uma cara conhecida, quer dizer, alguém que fale com sotaque algarvio e descobre que não há ninguém desse jeito nos corredores do poder central. Na capital fala-se “lisboeta” e pouco mais. Não há ninguém a trocar os “os” pelos “es” ou a ficar “marafado” com a oposição… Que …

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O outro lado

Cito de memória uma cena que li num livro e que nunca mais esqueci… Num tribunal, o juiz pergunta a uma testemunha se confirmava que o caso se tinha passado em frente a uma casa branca. Ao que a testemunha respondia que o caso efetivamente se tinha passado em frente a uma casa com a fachada pintada de branco. Mas que não poderia dizer que era uma casa branca porque não vira a traseira, nem os seus lados. Esta procura da palavra exata, da descrição plena acompanha-me desde sempre. Essa procura trouxe uma evidência: que não é possível alcançarmos  a …

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Enrascados já nós estamos

“Em Portugal basta um ano de seca para o país agrícola tremer. Este ano, a situação não é exceção e o Barlavento Algarvio é um dos casos mais graves. A chuva que caiu nos últimos dias veio aliviar a pressão. Mas a água está longe de ser suficiente. (…) E pergunta-se: como podemos viver reféns dos humores climáticos?” Esta era a abertura da reportagem principal publicada no número 0 do Terra Ruiva, no longínquo mês de Abril de 2000. Com o título “Reféns de uma seca anunciada”, o texto iniciava-se assim: “No Algarve, quando nos debruçamos sobre o problema da …

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O PIB e os ovos

Há poucos dias, o Instituto Nacional de Estatística disse-nos, com todos os números, que o Algarve registou, em 2020, uma quebra histórica do Produto Interno Bruto (PIB): menos 16,7 por cento! Praticamente o dobro do que se registou a nível nacional: menos 8,4 por cento. A causa, como todos sabemos, tem a ver com a pandemia provocada pela Covid-19. O problema também o identificamos há muitos anos: temos praticamente todos os ovos no mesmo cesto. Quando as receitas provenientes do turismo reduziram drasticamente, a região quase colapsou. E assim permanecemos, no início de 2022: à beirinha do precipício. E a …

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Resiliência

Em março de 2020 algumas palavras entraram no meu léxico diário. Covid. Confinamento. Relatório Epidemiológico. Direção-Geral da Saúde. Casos. E algumas outras, que não escrevia mas pensava: medo/esperança. Os leitores, os amigos e os curiosos telefonavam e mandavam mensagens, quantos casos há hoje? Sabes quem são? (Sim, houve uma altura em que se sabia, a nível local, quem eram as pessoas infetadas, as suas famílias e demais detalhes que viessem à conversa. E eu escrevia, todos os dias, a notícia. Preocupada mas sempre a pensar que mais dia menos dia esta fase chegaria ao fim. Nas pastas das edições em …

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Não é inevitável

Há dores que nos machucam, mesmo não sendo nossas. Imaginem umas dezenas de corpos comprimidos junto a um edifício, olhos cansados de quem se levantou cedo, máscaras azuis a esconder a expressão. São pessoas, muitas, que se amontoam no primeiro dia de cada mês, à porta das unidades de saúde, com o único objetivo de conseguir uma consulta para esse mês. Vi há dias este quadro em Messines. Mas no mesmo dia falei com uma moradora de Tunes que me disse: venha aqui amanhã que vê a mesma coisa. E em Armação… e em Alcantarilha, dizem-me do outro lado. E …

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