O Casino Velho de Armação de Pêra

Mascarenhas Gregório notável empreendedor do concelho de Silves durante as primeiras décadas do século passado, em Armação de Pêra, nos terrenos anexos à sua vivenda acastelada posteriormente denominada “Chalé do Dr. Patrício”, edificou o Bairro Turístico-familiar com doze residências dotando também a zona de um terraço sobre o mar com funcionais escadarias de acesso à praia. Em terrenos mais a poente criou um largo eirado com três cisternas para abastecimento de águas da chuva à população, além das existentes em todas as moradias do Bairro.

Por volta das décadas de vinte a cinquenta, de registar a presença no Bairro das famílias de Dr. Luís Figueira) (Lisboa), Dr. Horta Correia (Silves), Dr. Francisco Neto Cabrita (S. B. Messines), António Mascarenhas Neto (Silves), D. Tomásia Pontes (Pêra), Francisco Corte-Real (Lagos), Dr. José Menezes (Paderne), J. Marreiros Leite (Algoz), João Figueiredo Mascarenhas (S.B. Messines).

Avenida Mascarenhas Gregório (entrada para o Casino)

 

 

O notável chamado “Casino Velho” foi implantado no Bairro Mascarenhas Gregório. Sala de excelentes dimensões dotada de uma dezena de janelas para as ruas laterais estrategicamente implantadas a nível elevado, face à exterior presença noturna do povo amigo e curioso atento à música tocada e cantada, ao desenrolar dos acontecimentos em alegres comentários e convívio noturno.

No interior da sala, bancos e cadeiras rigorosamente alinhados ao redor da pista de dança. em duas filas, tendo na frente as jovens prontas para dançar e à retaguarda as mamãs e demais “gente crescida”. O palco de boas dimensões apresentava o piano, a orquestra, os cânticos, as danças e representações da muita alegre juventude e até de gente crescida sempre animada no Bairro.

Pouco frequente a presença de artistas de fora, contudo ficou na memória a atuação de enorme sucesso da pouco conhecida mas com excelente apresentação da cantora espanhola Carmensita Hober…

O Casino dispunha de excelente bar e de discreta Sala de Jogo somente frequentada por “alguns” como que selecionados. Na zona traseira do edifício funcionavam os apoios, arrecadações, quintal com cisterna e habitação do casal responsável pela conservação e  limpeza do Casino: Senhora Maria, Senhor Pedro e filho, o “Tóino do Casino”, rapaz que brincava e jogava com os jovens da “gente alta” do Bairro, transmitindo com a sua elevada simpatia e poder de comunicação, os muitos dos seus práticos conhecimentos de pesca, barcos, marés, estados do tempo e do mar, ao mesmo tempo que apresentava e descrevia as eventuais figuras típicas da povoação.

E porque o tempo não perdoa surgem as mudanças, ausentam-se as pessoas, encerra o Casino. Entretanto, são anunciados interessantes estudos para construção de Novo Casino na então recém criada Avenida, repleta de modernas vivendas, e durante anos de espera as danças foram sendo transferidas para provisórios lugares emprestados: Terraço do Chalé Vasconcelos, Casa Salvador Vilarinho, esplanada da Fortaleza.

Finalmente surgiu o Casino Novo que chegou, viu e venceu mas porque os anos não perdoam, há anos que pacientemente aguarda restauro.

 

Texto: Joaquim Horta Correia

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