A inauguração do Memorial “Pela Liberdade Sonharam e Lutaram”, em memória dos presos políticos e resistentes antifascistas do concelho de Silves, marcou o encerramento das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, promovidas pela Câmara Municipal de Silves.
A evocação da luta dos operários corticeiros, em 1924, contra as terríveis condições de trabalho, através da apresentação do livro de António Guerreiro e o concerto “A Mulher é uma Arma” completaram o programa.

O Memorial
O Memorial, que se encontra colocado junto ao Rio Arade, perto da Ponte Nova, foi inaugurado na presença de autarcas, nomeadamente da presidente Rosa Palma e executivo permanente da Câmara de Silves, Luísa Conduto Luís, Maxime Sousa Bispo e Tiago Raposo, presidente da Junta de Freguesia de Silves, Tito Coelho e membros da Assembleia Municipal de Silves, Fátima Matos e Bruno Pereira. Estiveram também presente o dirigente da URAP (União de Resistentes Antifascistas Portugueses), José Pedro Soares, membros da Comissão de Honra das Comemorações dos 50 anos do 25 de abril, e muitas outras pessoas que se associaram a esta homenagem.

Destaque ainda para a presença de três opositores ao regime salazarista, Gregório Patrício, José Viola e Vítor Cabrita Neto, cujos nomes constam na placa do memorial, onde se inscrevem 288 nomes de homens e mulheres que lutaram contra o fascismo, muitos deles passando largos anos na prisão, incluindo no Tarrafal.
Uma luta a que a intervenção emocionada de José Pedro Soares, militante do PCP, que foi o preso político que foi submetido por mais tempo à tortura do sono, lembrou, destacando a importância de não esquecer o passado mas, sobretudo, a necessidade de defender o futuro, construído em liberdade e democracia. José Pedro Soares falou do levantamento dos presos políticos que tem vindo a ser feito pela URAP, que já conta com 34.500 nomes, sendo certo que este número fica aquém do real, porque muitas pessoas eram presas em prisões locais não chegando a ficar registadas. Lembrou também as lutas do operariado português em 1934 e a figura do operário corticeiro silvense José Vitoriano e outros silvenses que foram desterrados para a prisão do Tarrafal.
A necessidade de preservar a memória, também como forma de honrar aqueles que lutaram pela liberdade, foi igualmente abordada nas intervenções de Rosa Palma, Tito Coelho e Vítor Neto. Este deixou ainda um apelo para que “esta homenagem não se fique por aqui”, mas que o seu sentido seja explicado às gerações mais novas, “para que conheçam a vida dos seus pais e avós” e que compreendam que “a liberdade tem que ser conquistada”.

A estas intervenções, e antes do descerramento do monumento, foi apresentado o autor do memorial, o artista plástico João Frank e membros da equipa que construiu esta escultura de uma tonelada de peso, durante três meses. De referir que a ideia de construção deste memorial, surgiu da apresentação de uma proposta feita por um munícipe, no decorrer de uma sessão do orçamento participativo, organizada pela autarquia de Silves. Que deu depois corpo à ideia, concretizada no dia 30 de novembro, pois, como disse o autor do memorial, “a obra nasce agora”.


