Bernardo Marques: 120 aniversário do seu nascimento

Em Silves, no edifício da Câmara, encontra-se patente, no mês de novembro, a Exposição do Arquivo Municipal com o tema “Bernardo Marques (1898-1962): 120 aniversário do seu nascimento”.

A exposição é acompanhada de imagens e documentos.

O Terra Ruiva colabora com esta iniciativa do Arquivo Municipal publicando o texto da exposição. A versão integral, com todas as imagens, estará disponível aqui: Expo_DM_Novembro_2018

 

 

Bernardo Marques (1898-1962): 120 aniversário do seu nascimento

 

Bernardo Loureiro Marques foi autor de uma obra vastíssima e multifacetada que lhe conferiu um lugar de destaque na ilustração portuguesa. Iniciou-se como ilustrador, com desenhos humorísticos, atividade que prosseguiu até meados dos anos 30, em jornais e revistas. Na sua obra encontramos o caricaturista, o desenhador, o decorador, o ilustrador, o figurista e o paisagista, em suma, Bernardo Marques foi um trabalhador incansável ao serviço da arte e do bom gosto.

Nasceu em Silves, às 8h30m da manhã do dia 21 de novembro de 1898 e faleceu a 28 de setembro de 1962, em Lisboa, com 63 anos de idade.

Bernardo Marques

Filho de Jaime Álvares Marques, negociante, e de Teresa Amália Loureiro Marques, doméstica, ambos naturais da freguesia de Silves e residentes na cidade, provém de uma família de abastados proprietários rurais. A sua infância e adolescência foram passadas na sua terra natal e em Faro onde frequentou os estudos preparatórios no Liceu de Faro e recebeu as primeiras impressões das cores algarvias.

Depois de completar os estudos liceais seguiu para Lisboa, no ano de 1918, para estudar Literaturas Românicas na Faculdade de Letras. Aí  conheceu Ofélia Marques, sua futura esposa. Iniciou um intenso convívio com alguns dos protagonistas da vida cultural lisboeta e contactou com os polos mais dinâmicos da capital, como o Bairro Alto, com os seus jornais e tipografias, o Chiado, com os cafés, as livrarias, as salas de espetáculo, as lojas “chics”, a Escola de Belas Artes, o Rossio e o Terreiro do Paço, iniciando a sua atividade como ilustrador, através do desenho humorístico e das caricaturas.

Em julho de 1920 fez parte do grupo de artistas que expôs na 3.ª Exposição do Grupo de Humoristas Portugueses, no Salão do Teatro de São Carlos, ao lado de artistas conceituados. Foi a primeira vez que apresentou ao público os seus trabalhos, estreando-se com catorze desenhos, que representavam amplamente Lisboa, a cidade modernista dos anos 20 que o convidava à anedota pictural por ser uma Lisboa mundana e provinciana.

O sucesso do evento foi notícia nos principais jornais e revistas ilustradas, de tal modo que a “Ilustração Portuguesa” dedicou-lhe algumas páginas com reproduções dos trabalhos expostos, entre os quais figuram duas ilustrações da sua autoria: «A dança maldita» e «A tia Anica», nas quais já se adivinhava o gosto por explorar a figura humana, sobretudo a mulher.

No periódico da sua terra natal «Voz do Sul» foi publicado um artigo, da autoria de Julião Quintinha, intitulado “Artistas Algarvios – Um caricaturista silvense na exposição de S. Carlos” que descreve o seu sucesso “um moço de vinte anos da minha terra (…) expõe os seus trabalhos de caricaturista, ou antes de pintor impressionista, no salão de S. Carlos, hombreando com os mais famosos humoristas portugueses e hespanhoes; e foi tão brilhante o seu exito (…) verifiquei, com um prazer imenso, que Loureiro Marques marcava com um certo relevo com uma sobria originalidade, impondo-se á nossa observação, embora na maneira indeciza de todos os estreantes (…) notei que visitantes, desconhecidos do artista, se detinham ante os seus quadros, com muito interesse e (…) o pintor Reis, grande artista e professor, se deteve algum tempo, tendo comentários elogiosos, especialmente para A dança maldita um dos melhores trabalhos que o artista expõe (…) o artista expõe quadros duma beleza admiravel, que são afirmações do seu vigoroso talento (…) o Algarve terá mais um artista”.

A partir desta exposição Bernardo Marques encontrou-se numa encruzilhada, ou concluía o curso de Letras, que não lhe interessava, mas fazia a vontade à família, ou seguia a sua vocação de artista. A arte saiu vencedora e em 1921 abandonou a faculdade, optando pela prática do desenho, preferindo uma aprendizagem vivencial a uma aprendizagem académica.

 

Em setembro de 1920 tornou-se colaborador da ABC, dirigida por Rocha Martins, ilustrando textos literários, como “O Banho dos Alentejanos”, de José Dias Sanches, ou “A Casa dos Reitores”, de Joaquim Figueira, e de secções regulares da revista, como os “Comentários”, de Chagas Roquette. Revelando-se um artista muito versátil que dominava as temáticas populares, que remetem para o campo, como o universo cosmopolita e urbano, sempre com desenhos de traço modernista.

 

A partir de 1921   

Revista Civilização, julho de 1928

                                  

 

Em novembro foi um dos artistas convidados para ilustrar o inquérito sobre «Quem frequenta o café» da Ilustração Portuguesa, sendo evidente o traço do caricaturista e a sensibilidade gráfica.

A partir de 1921, dedicou-se intensivamente à ilustração, que o ocupou de modo regular ao longo da vida, trabalhado em publicidade, desenhando anúncios e cartazes, e colaborando em jornais, livros e revistas, como ABC a Rir (de 1921 a 1922), O Século (1921), com a secção humorísticas «Página de Domingo», A Batalha, Diário de Lisboa e Ilustração Portuguesa, com ilustrações que estão em completa sintonia com os novos valores gráficos dos anos 20, dentro de um espírito modernista, com desenhos estilizados do quotidiano, sinais de uma urbanidade nascente, que ilustravam cenas da vida mundana e dos lugares modernos, presenças femininas estilizadas tomando chá ou descendo o Chiado, os escândalos políticos, os acontecimentos desportivos, captando o vazio ocioso das personagens e o ambiente da cidade, com a elegância que caracterizava a sua atitude estética.

No ano seguinte colaborou com a revista Contemporânea onde publicou o desenho intitulado “Maltezes”. Igualmente residual foi a sua presença na Revista Portuguesa, em 1923 e na Europa, em 1924.

A partir de 1925, e até 1929, publicou regularmente, aos domingos, uma crónica gráfica no Diário de Notícias, intitulada «Os Domingos de Lisboa», bem como outras secções do jornal.

Em 1926 voltou a expor, desta vez no II Salão de Outono, na Sociedade Nacional de Belas Artes. Ao mesmo tempo recebeu o importante projeto da decoração da parede do fundo do café A Brasileira, no Chiado, que decorou com camponesas e camponeses estilizados.

Neste mesmo ano começou a colaborar com a revista Ilustração, de publicação quinzenal, quando desenhou as «pontes transoceânicas» idealizadas por Reinaldo Ferreira, mas foi em 1931 que a sua participação se tornou mais regular, sobretudo na ilustração de textos literários.

Nos anos seguintes seria a vez do semanário humorístico Sempre Fixe (1927) e da revista Civilização (entre 1928 e1930), onde ilustrou imensas capas, cheias de movimento e cores fortes, tal como ilustrou textos, fez humor e concebeu páginas publicitárias para a «Toddy» e para o «Calçado Elite».

 

Depois de Berlim

Em 1929 viaja até Berlim onde tomou contacto com o expressionismo alemão e com a obra de Grosz, que adaptou ao contexto lisboeta, e facultou-lhe novos meios de expressão. Quando regressou trouxe no seu álbum de viagem desenhos e aguarelas que são um registo de um impiedoso observador da sociedade urbana, com uma série de figuras típicas de Berlim.

No final dos anos vinte e início da década de trinta colaborou no Notícias Ilustrado (de 1929 a 1931) e neste período é de realçar a produção de Bernardo Marques para a imprensa especializada em cinema, que se ia tornando um fenómeno de massas, nomeadamente nas revistas Imagem (nas suas duas séries, entre 1928 e 1931), Kino (1930-1931) e Girassol (1930-1931).

Durante todo este período foi extremamente fecundo, nele criou notáveis capas para inúmeros livros, principalmente de autores com quem se identificava, como António Ferro e a sua mulher Fernanda de Castro, Julião Quintinha, Augusto Cunha, Aquilino Ribeiro e Eugénio de Castro.

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Na década de 30, a sua atividade centrou-se na área das exposições, tendo em 1930 exposto no I Salão dos Independentes e participou na II Exposição de Arte da Caixa do Sindicato dos Profissionais da Imprensa de Lisboa, retumbando acontecimentos da evolução da nova arte, e realizou os cenários para o filme «Ver e Amar» (1930) ou «O Trevo de Quatro Folhas» (1936), com Keil do Amaral, ambos de Chianca de Garcia.

Em 1931 participou no II Salão dos Independentes e trabalhou na decoração do Pavilhão Português da Exposição Internacional e Colonial de Vincennes, em Paris, com Fred Kradolfer, José Rocha e Carlos Botelho e em 1932 e 1933 expôs no Salão de Inverno, em Lisboa, na Exposição Industrial de Lisboa e na Galeria UP, também colaborou na revista Presença.

No ano seguinte viajou de novo até Paris, com o fim de estudar artes gráficas, realizando algumas exposições nos meses que aí residiu. De regresso a Lisboa, executou trabalhos decorativos para o Cortejo Fluvial das Festas de Lisboa.

Trabalhador incansável, a partir de 1937, integrou a equipa de decoradores do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) encarregues da decoração dos pavilhões portugueses presentes nas Exposições Internacionais de Paris (1937), de Nova Iorque (1939), de São Francisco (1939) e na Exposição do Mundo Português, em Lisboa (1940).

 

Ilustrador de Eça

Ilustração do Passeio Público, em Lisboa

Depois de várias viagens e experiências, na década de 40, a sua atividade desdobrou-se entre a ilustração, a decoração e as artes gráficas, tendo dirigido algumas publicações periódicas. Foi nesta altura que conseguiu realizar um dos seus maiores sonhos, foi convidado para ilustrar as obras completas de Eça de Queiroz, a publicar pela ocasião do centenário, não se limitou a representar as figuras ou as personagens do texto, interessou-se sobretudo em recriar a atmosfera em que elas se movem.

Para além de Eça, Bernardo Marques teve uma importante contribuição como ilustrador na obra de Cesário Verde, tendo cada poema merecido um estudo atento, as ilustrações sugestionam e evocam a poesia sem a ela se sobreporem, de Aquilino Ribeiro e de David Mourão-Ferreira.

Colaborou como cenógrafo e figurinista em produções do Grupo de Bailados Portugueses Verde-Gaio, com «Ribatejo», em 1940 e «O Homem do Cravo na Boca», em 1941.

Em 1941 integrou a I Exposição dos Artistas Ilustradores Modernos, foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada e quando o Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) lançou a Panorama, revista portuguesa de arte e turismo, assumiu a sua direção artística. A sua intervenção é reconhecível no equilíbrio da mancha gráfica de cada número, página a página, articulando ilustrações (pictóricas e gráficas), fotografias, textos e cor. Também desenhou para o texto “Sete Colinas … Sete Pecados”, de Olavo d’Eça Leal, e publicidade para as «lâmpadas Philips», a pastelaria «Benard», as «Conservas I.P.C.P», entre outras.

 

De 1942 a 1945 colaborou na revista Atlântico e partir de 1943 cooperou na Revista Municipal, da Câmara Municipal de Lisboa, com a rubrica intitulada «Antologia de Lisboa».

Foi ainda responsável pela direção artística na Litoral, revista mensal de cultura, de 1944 a 1945, na Editorial Ática, em 1947, e na Colóquio, de 1959 até à sua morte em 1962.

A partir de 1948 dedicou-se mais ao desenho, concentrando-se nas vistas da cidade o que marcou a fase final da sua obra com a transferência do interesse pela figura humana para a paisagem.

Em 1949 integrou o I Salão Nacional de Artes Decorativas e foi nomeado chefe da equipa de decoradores da 1ª Feira das Indústrias Portuguesas, função que exerceu nas duas feiras seguintes, em 1950 e 1951. Nesse mesmo ano recebeu a encomenda da decoração do paquete Vera Cruz, a que se seguiu o Santa Maria, em 1951.

No ano seguinte representou Portugal na Bienal Bianco e Nero Internacional de Lugano, na Suíça, por indicação do Secretariado Nacional de Informação (SNI) e participou na Exposição de Vinte Artistas Contemporâneos, na Galeria de Março, em Lisboa.

A partir daqui a sua atividade plástica conheceu novo vigor, a figura humana vai desaparecendo e surge a paisagem, assim, em 1953 adquiriu uma casa em Eugaria, perto de Colares, na região de Sintra, que se ajustava ao interesse que entretanto a paisagem adquiriu na sua obra, e aí passou a ter atelier.

Em 1954, a convite de Jaime Cortesão, integrou, com um grande painel, a exposição comemorativa do IV Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo, no Brasil.

 

O reconhecimento

Os anos 50 são para Bernardo Marques a época do reconhecimento oficial. A sua obra conquistou diversos prémios: Prémio de Desenho da Exposição Iconográfica das Pescas, realizada no Instituto Superior Técnico, em 1955; Prémio de Aguarela e Desenho na I Exposição de Artes Plásticas, da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1957; Prémio Especial de Pintura na III Exposição de Artes Plásticas, promovida pela Câmara Municipal de Almada, em 1958.

Em 1961 integrou ainda a II Exposição de Artes Plásticas (FCG) e a V Exposição de Artes Plásticas, da Câmara Municipal de Almada.

Os trabalhos dos últimos dez anos da vida de Bernardo Marques, correspondente aos anos cinquenta até à sua morte em 1962, deram origem a uma nova fase da sua obra, mais íntima, como se o artista sentisse necessidade de entrar mais profundamente dentro de si mesmo. Aos poucos iniciou um percurso mais solitário e particular, passando gradualmente da análise dos homens à análise das coisas e a concentrar a sua atenção na paisagem, rural ou urbana, envolvida num idealismo simples e tranquilo, nascendo assim o paisagista.

Bernardo Marques transferiu para a paisagem uma atenção cada vez mais seletiva e depurada, assumindo uma postura simultaneamente sensível e distanciada, transferindo para a paisagem o seu espaço de intimidade. Começou por privilegiar a paisagem urbana de Lisboa, que tanto amou e onde viveu mais de quarenta anos, depois percorreu o país de norte a sul, voltando-se para a paisagem rural e litoral, tornando-se um pintor do campo em íntima ligação à natureza. Assim, representou a paisagem do Algarve, da sua infância, da Beira, de Urgeiriça, Abrunhosa e Marão que a sua mulher lhe ensinou a ver e a da sua casa em Eugaria onde contemplava a serra de Sintra.

Os desenhos de paisagem destes últimos anos fizeram de Bernardo Marques o desenhador que melhor interpretou a essência da nossa paisagem urbana e rural e foi considerado o maior paisagista da sua geração. Todavia, como pintor em vida apenas expôs em mostras coletivas, sem nunca ter feito uma única exposição individual. O seu trabalho foi apresentado postumamente em várias exposições individuais, e encontra-se representado no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado e no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.

 

A homenagem em Silves

Três anos e meio após a sua morte, na reunião da Câmara Municipal de Silves, realizada no dia 26 de abril de 1966, sob a presidência de Salvador Gomes Vilarinho, em forma de justa homenagem à memória do ilustre pintor Bernardo Marques, natural desta cidade, foi deliberado “dar o nome de “Rua Pintor Bernardo Marques” a um arruamento confiante com a casa onde nasceu o pintor referido, cuja valiosa obra está a obter o merecido realce”.

Em Lisboa, no ano de 1998, foi constituída uma comissão nacional para as comemorações do centenário do nascimento de Bernardo Marques, da qual fazia parte a Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu do Chiado e a Professora Doutora Marina Bairrão Ruiva, estudiosa da obra do homenageado, tendo também sido lançado um selo comemorativo pelos CTT.

Em Silves, a Câmara Municipal e a Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural, depois de veiculados contactos com a referida comissão, promoveram algumas atividades como um concerto com o “Quarteto de Cordas da Gulbenkian” na Sé de Silves, esteve patente ao público, no Museu Municipal de Arqueologia, uma exposição retrospetiva da vida e obra do artista e no Salão Nobre da Câmara Municipal foi proferida uma eloquente conferência pela Dra. Marina Bairrão.

A 19 de novembro de 1999 a Câmara Municipal de Lisboa descerrou uma placa evocativa no prédio da Rua João Pereira da Rosa onde o artista plástico residiu e em 2012 a Hemeroteca Municipal de Lisboa promoveu um ciclo de conferências “Evocação dos 50 anos da morte de Bernardo Marques”.

 

Bernardo Marques deixou ao longo do seu percurso artístico a marca inconfundível do seu traço. Começou pelo humor crítico, mas a sua produção mais inovadora desenvolveu-se no campo da ilustração e das artes gráficas, fincado grande parte da sua obra dispersa pela imprensa periódica. No período da sua prática artística, ao longo de quarenta anos, a sua obra não ficou limitada ao universo dos jornais e revistas, mas também expôs, ainda que nunca o tenha feito individualmente, ilustrou livros e realizou atividade como decorador, figurinista, cenógrafo e por fim paisagista.

Silves e os silvenses devem orgulhar-se deste ilustre conterrâneo, autor de uma obra vastíssima e multifacetada que lhe conferiu um lugar de destaque na arte portuguesa contemporânea.

 

 

Bibliografia

Bernardo Marques, artista gráfico, ilustrador português – Tipografos.net

Bernardo Marques – Hemeroteca Digital – Câmara Municipal de Lisboa

Bernardo Marques | Museu Calouste Gulbenkian

MARREIROS, Glória Maria, Quem foi quem? 200 Algarvios do Século XX, Edições Colibri, Lisboa, 2000.

 

 

 

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