“Cores de Zanzibar” é o título da exposição de pintura de BJ Boulter, que será inaugurada no dia 17 de junho, às 16h, na Casa da Cultura Luso-Árabe e Mediterrânica, no Largo da República, em Silves.
A iniciativa é organizada pelo Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, com o apoio das seguintes entidades: Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural do Concelho de Silves, Câmara Municipal de Silves, Rotary Clube de Silves, Urban Sketchers, Algarve Artists Network e Grafissul.
A Autora: BJ (Barbara Jane) Boulter é uma algarvia multicultural, formada pelo Colégio de Artes e Saint Martin’s e pela Lucie Clayton School de Design em Londres. Em 1962 veio de Tanzânia para o Algarve com os seus pais, onde continua a viver até hoje.
O seu trabalho é figurativo: histórias das pessoas e dos animais selvagens, a miríade da cultura, inspiradas pelas suas viagens pelo mundo e safaris regulares à África Oriental e do seu país adotivo, Portugal.
A sua carreira profissional permitiu-lhe viajar por todo o mundo enquanto cenógrafa e produtora de filmes. Nos bastidores atrás da câmara cinematográfica ela criou as cenas, desenvolvendo um trabalho em que o desenho e a pintura é um elemento essencial. Esta série, Cores de Zanzibar, é dedicada aos anos de paz dos Anos Noventa, antes dos conflitos internos e da chegada do turismo.
Diz-nos a autora, sobre Zanzibar: O seu próprio nome evoca encanto; praias peroladas à sombra de palmeiras, lavadas por um mar azul, pálido e transparente; a ilha das especiarias que enriquece o nosso paladar com fragrâncias exóticas que coloram as pessoas.
Vejo a vida em imagens. Fascinam-me as pessoas; a vida, o tempo e o lugar, cheios de significado, levam-me a registar momentos, imagens e vivências no meu caderno de esboços. A partir daí, crio uma obra de arte com uma história para contar.
Os habitantes de Zanzibar estão gravados na minha memória. No meu atelier, tenho uma coleção de cangas coloridas com provérbios em quisuaíli que me desafiam a contar as suas histórias.
Zanzibar é a capital de um grupo de ilhas perto da costa do Tanganica, onde eu cresci. Estes trabalhos retratam o ano de 1990. Com grande entusiasmo, obtive a primeira autorização comercial para filmar em Zanzibar desde a independência, e atravessei o Oceano Índico no ferry de Dar es Salaam. Stone Town não me desiludiu. Recentemente aberta aos visitantes, a população da ilha foi muito prestável, satisfeita por estar envolvida no filme.
Percorri as suas ruas estreitas, grandes portas esculpidas que davam para pátios altos e luminosos, as sombrias e minúsculas lojas cheias de artigos antigos, os cestos de especiarias no mercado, a pesca do dia entregue ao capitão do porto, a animação do negócio, artesãos e as costureiras dispostos a contar as suas histórias no agradável e sussurrante quisuaíli da ilha. Aluguei uma pequena mota e passeei pelos campos de especiarias, pelas plantações de bananas e de milho, pelas aldeias de taipa e de palmeiras e pelas escolas do Corão, pelos construtores de barcos que trabalhavam nas praias prateadas. Foi uma experiência alegre que procuro captar de forma criativa com a textura e a cor destes lindos tecidos.


