A espécie invasora que tem vindo a espalhar-se por toda a costa algarvia, o caranguejo azul, foi detetada, pela primeira vez, no interior da Ribeira de Alcantarilha.
Recentemente, foram encontrados dois exemplares na Ribeira de Alcantarilha, o que confirma a sua existência, que até este momento era baseada apenas em relatos. Esta evidência vem confirmar a propagação do caranguejo azul neste que é um “sistema fechado que apenas é aberto ao mar regularmente por ação humana”.
A informação sobre estes registos foi publicada pelo NEMA (Novas Espécies Marinhas no Algarve), que junta investigadores da Universidade do Algarve e do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) que estão a desenvolver um estudo inovador na Europa com a utilização de transmissores para estudar o caranguejo azul, (espécie Callinectes sapidus, também conhecida como “siri”).
Este estudo, que tem o apoio financeiro do projeto transfronteiriço ATLAZUL, teve início em maio, no estuário do Guadiana, a que se seguiu a campanha de marcação, em que cada caranguejo é equipado com um pequeno transmissor que é detetado por vários recetores instalados na costa algarvia. Os investigadores querem saber onde vivem os caranguejos azuis e quanto tempo permanecem nesses habitats, a fim de proporem medidas eficazes para o controlo desta espécie invasora.
Nesse sentido, apelam aos pescadores, amadores ou profissionais, ou a qualquer pessoa que encontre algum destes caranguejos que contacte a equipa deste projeto pelo número de telefone inscrito na etiqueta acoplada ao caranguejo, ou pelo site do NEMAlgarve (www.nemalgarve.com)”. No caso de captura de algum dos caranguejos azuis marcados, os investigadores pedem para que seja devolvido à água, no local exato de captura, “pois a informação fornecida por cada transmissor é inestimável”.

O caranguejo azul, espécie nativa da América do Norte, foi detetado, pela primeira vez, no Rio Guadiana, em 2016. Em apenas dois anos, surgiram provas da sua existência em toda a costa algarvia, incluindo em Armação de Pêra, onde os primeiros exemplares foram confirmados no verão de 2018, como na altura disse ao Terra Ruiva, o presidente da Associação de Pescadores, Miguel Gonçalves.
O caranguejo azul desperta preocupação, mas também pode vir a ser uma fonte de negócio muito rentável. A preocupação resulta das características predadoras do caranguejo azul. A sua carapaça mede normalmente entre 20 e 30 cm de diâmetro mas pode chegar aos 40 centímetros, sendo geralmente maior do que uma sapateira, com dimensões comparáveis a uma santola. Além de ser um animal com dimensões consideráveis, tem também um forte instinto agressivo, capaz de destruir as redes dos pescadores, e representa um grande um perigo para o equilíbrio demográfico e sobrevivência de espécies mais pequenas, nomeadamente de outros crustáceos. Sendo uma espécie invasora não tem predadores naturais, o que facilita a sua expansão.
Do ponto de vista económico, a sua pesca poderá originar rendimentos muito interessantes e já há pescadores dedicados à sua captura.
O equilíbrio entre o factor económico e ambiental é o que se procura.
Além do caranguejo azul, o NEMA procura evidências da existência de outras espécies invasoras como a corvinata real, peixe balão, verme de fogo, garoupa pintada, peixe verde e outras.




