“A compaixão e a educação são as únicas vacinas para a humanidade” – Júlio Resende (pianista) Num mundo em que a vida, de todo o tipo, continua a ter tão pouco valor, é fundamental fazermos tudo para que as nossas crianças cresçam com o consumo de bens culturais e não apenas com o consumo de bens materiais. Nem todos temos a sorte de nascer em famílias de elite, onde os bons livros, a boa música, a História, a Arte e a Filosofia fazem parte da educação diária. Então, está nas nossas mãos, enquanto pais, avós e Escola e, como já …
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PÁGINA ABERTA: Recordando Bento de Jesus Caraça
RECORDANDO BENTO DE JESUS CARAÇA Ainda a propósito da comemoração do 25 de Abril e da conquista da Liberdade, recordo um grande democrata, humanista e cidadão de projecção nacional, o Prof. Bento de Jesus Caraça, cujo nome tem sido injustamente esquecido, no decurso da espuma dos dias. Essa admiração estende-se ao Professor catedrático de excelência, na regência da cadeira de Matemáticas, assim como ao democrata, pensador, pedagogo e ao homem de ideais elevados e de carácter. Alguém que, desassombradamente, afrontou o regime do Estado Novo. Alguém, cujas origens humildes o atirariam, como mais um, para engrossar as fileiras dos deserdados …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: Covid-19- Desconfinamento- Creches
Tarde de Maio amena, nuvens no céu, sombras que correm no chão ao sabor da brisa. Rodrigo Leão, Pasion, no leitor de CD. Sons harmoniosos, por vezes nostálgicos, por vezes fortes, por vezes doces, por vezes de um Amor total, um Amor profundo. Não podemos deixar de pensar no que já vivemos, no que já amámos, no quanto amamos e quem amamos. AMOR. TANTO que um ser humano pode Amar intensamente: uma flor, um animal, uma tarde, um som, uma voz, um toque, um cheiro, uma causa, um momento, um outro ser humano, outros seres humanos, a humanidade… Tantos poetas, …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: Acordai!
ACORDAI ! Acordai Acordai Homens que dormis A embalar a dor Dos silêncios vis Vinde no clamor Das almas viris Arrancar a flor Que dorme na raíz Acordai Acordai Raios e tufões Que dormis no ar E nas multidões Vinde incendiar De astros e canções As pedras do mar O mundo e os corações Acordai Acendei De almas… Acordai, de Fernando Lopes Graça Nestes meses de confinamento, temos assistido a várias performances internéticas em que esta canção tem surgido como uma prece. Porquê? Tenho para mim que o Homem deseja, realmente, mudar, evoluir, ser melhor, mas não sabe como. Sente …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: A atriz
A actriz O rosto no espelho. Os olhos, sem maquilhagem, revelam agora visíveis sinais de cansaço. O corpo imóvel, suspenso da trajectória do olhar. Sobre o toucador os mais variados produtos de cosmética, que lhe transformam todas as noites o rosto em personagem de cena. Ela sabe. Viu o público de pé, a aplaudir, ouviu até o seu nome; ainda ouve rumores de passos, vozes, exclamações onde se espelham as últimas emoções do palco. A porta fechada do camarim. Ele não vem, não vai entrar por ali, correr para abraçá-la. No espelho o rosto triste, a imobilidade do tempo. Noutras …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: Ter Coração
TER CORAÇÃO Fui às compras um qualquer dia Estando eu no lidl e por sinal Na fila uma criança só seguia Mas até aqui nada havia de mal Este miúdo no tapete colocou Uma manteiga o chouriço e pão Devagar o seu dinheiro contou E a caixa lhe entregou o talão E a senhora para ele logo diz Que não lhe chega o dinheiro Ele olha-lhe com um ar infeliz E diz pode tirar o pão primeiro E eu que logo a seguir estava Digo o pão ao menino pode dar Afirmando que assim o pagava E …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: Memórias dos meus avós
Conheci o meu avô já velhinho – teria eu seis ou sete anitos. Nasceu em meados da década de setenta do século XIX. Na sua vetusta face, eram visíveis os sulcos de profundas rugas, que traiam o passar inclemente dos anos, testemunhas de uma longa vivência, por vezes, dura. Recordo-o de jaqueta, calça de surrobeco, castanha, chapéu de feltro de três bicos e abas largas, cintura cingida por uma longa faixa de pano preto, com franjas nas extremidades, que lhe dava várias voltas à anca – na altura, não se usava cinto -, sentado na cadeira de bunho, à sombra …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: O homem que abraçava as árvores
Era Outono, aquela estação melancólica, indecisa, de ambíguas oscilações. O sol já perdera o calor persistente dos longos dias de Verão e aparecia agora mais fugaz, por vezes desaparecendo por completo sem aviso prévio. Naquele dia permaneceu mais tempo, a manhã cresceu luminosa, os pássaros voltaram a cantar sobre a alta copa das árvores. Um desconhecido passeava solitariamente pelos caminhos atapetados de folhas caídas, caminhava à minha frente num passo lento, descomprometido, sem aparente direcção, ao sabor do acaso. Parecia não dar conta das pessoas que cruzavam o seu caminho, como se não existissem. Ninguém sabia quem era e o …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: Momentos Mágicos- O Menir… Ou melhor a família
O ritual é sempre o mesmo, quando quero fazer um passeio. Tenho de apresentar argumentos persuasivos, é muito giro e, anda lá e, vais gostar, por isto ou aquilo e finalmente quando consigo o almejado está bem, já desvendei tudo o que vamos ver, só faltando a constatação in loco dos argumentos que apresentei! Mas um dia, conheci um casal que não precisava de ser persuadido, estavam sempre prontos para partir e, ele ou ela diziam-me: “Olhe, então vamos a tal sítio, há lá uma coisa que vai gostar de ver, e mais não digo.” Ah! Tão fácil! Fogo! Finalmente …
Ler Mais »PÁGINA ABERTA: O Moinho Valentim
O MOINHO VALENTIM Descendo o arade este rio Ele fica na margem direita Onde também fazia frio E ninguém quer fazer desfeita Havia ali aquele velho moinho Onde morava aquela gente boa Ao fim de semana era um burburinho Juntava-se ali muita pessoa Uns iam para apanhar caranguejos Outros, alguns peixes com artimanhas Felizes matavam ali os seus desejos Alguma coisa do rio sempre apanhas Amigos da ti Maria Joaquina E também do ti António Valentim Os dois irmãos tinham a sua sina E ali estiveram até quase ao fim Gente que ia pé até ali vindo da cidade Juntavam-se …
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