O homem da bicicleta, sentado no paredão, olha para os barcos ou simplesmente para o vazio. Tudo em frente é oriente. Nas suas costas carrega África, desde esta linha fronteira entre a cidade de Maputo e o mar, o Oceano Índico (estive em Maputo, capital de Moçambique, antiga Lourenço Marques). O homem recorda as histórias do seu avô, da segregação de Mafalala (bairro de lata onde nasceu o Eusébio), que para trabalhar no porto ou nos caminhos de ferro tinha um salvo conduto para cruzar a fronteira entre o seu bairro de madeira e zinco (nas nádegas dos zincos, nas …
Ler Mais »