O mês de março terminou com as barragens do Algarve numa situação que não se verificava há muitos anos, com a capacidade total quase esgotada. Corre água nas ribeiras e nos barrancos e em toda a região há um suspiro coletivo de alívio.
Segundo as estimativas oficiais, o Algarve tem água assegurada para três anos, o que não significa que possa haver desperdício e que não tenham de ser concretizadas as medidas decididas no período de seca extrema, como bem avisam as mesmas entidades.
No final do mês de março, no dia 31, de acordo com os números divulgados pela Associação Portuguesa do Ambiente (APA), as barragens do Barlavento Algarvio, as que se encontravam em situação mais crítica, estavam quase cheias e a na Barragem de Odeleite foram feitas descargas preventivas.
A depressão Martinho, que tantos estragos provocou em todo o país, foi a grande causadora da alteração verificada nas barragens que irão assim começar o período de verão numa situação confortável.
Entretanto, estão a confirmar-se as previsões que apontavam para um mês de abril chuvoso, que continua a contribuir para encher as barragens.
Segundo a APA, no final da semana passada, a Barragem do Arade estava a 72%; a do Funcho a 83%; a de Odelouca a 90%; e a Bravura a 60%. No sotavento algarvio, a barragem de Odeleite estava a 97% e do Beliche a 92%.

Face ao período homólogo de 2024, regista-se um aumento de cerca de 194 hm3 (hectómetros cúbicos) de água armazenada: 83 hm3 no Sotavento, correspondente a 43%; e 111 hm3 no Barlavento, correspondente a 57%. O volume de água nas barragens do Algarve é agora de 393 hm3, ou seja, está a 88% da capacidade total de armazenamento.
E o mais provável é que continue a entrar mais água nas barragens. Os primeiros dias de abril trouxeram a depressão Núria que se revelou particularmente intensa no Barlavento Algarvio, onde choveu intensamente. E, se se confirmarem as previsões de vários modelos meteorológicos, este mês de abril, será, efetivamente, de águas mil.
Uma situação que poderá conduzir a um acontecimento que dificilmente se imaginaria há poucos meses; a Águas do Algarve já admitiu a possibilidade de ter de fazer descargas preventivas na barragem de Odelouca.