Em 25 de abril de 2025, assinalam-se duas datas de grande importância, tanto a nível nacional quanto local: o 51.º aniversário da Revolução dos Cravos e o 25.º aniversário do lançamento do Jornal “Terra Ruiva” (Mensário). A apresentação pública do jornal aconteceu nas instalações do Racal Clube, em Silves, na tarde do dia 25 de abril de 2000. Enquanto o país comemora mais um ano da Revolução de 25 de Abril de 1974, protagonizada pelo Movimento das Forças Armadas, que pôs fim à ditadura fascista, o “Terra Ruiva” também celebra um quarto de século de jornalismo comprometido com os valores da democracia e da ética na informação.
Como é amplamente reconhecido, o golpe militar rapidamente se transformou num processo revolucionário, em consequência da adesão em massa do povo português, que, de forma entusiástica, saiu às ruas em todo o país.
Na atualidade é imperativo celebrar o 25 de abril e tudo o que ele significou, dá-lo a conhecer às gerações mais novas, defender os seus valores e conquistas e o regime democrático instituído, onde a vontade do povo é livre e soberana.
Nos dias sombrios e ameaçadores que atravessamos, sob o crescimento da extrema-direita neofascista, desavergonhadamente, demagógica e populista, urge defender a liberdade e a democracia, corrigindo-a e aprofundando-a (certamente), combatendo as desigualdades sociais e a pobreza e a promiscuidade entre poder político e económico, principal causa da corrupção. O país exige que o processo de desenvolvimento respeite a proteção e valorização dos direitos sociais e económicos das massas trabalhadoras e que a riqueza produzida seja repartida de forma mais equilibrada entre trabalho e capital. Apenas assim poderemos construir uma sociedade mais coesa, inclusiva, tolerante e solidária, inserida num mundo de paz e cooperação entre os povos.
A nível local, é de realçar a natureza singular do projeto jornalístico, Jornal “Terra Ruiva”, que foi pensado e concebido a partir da criação da Associação de Desenvolvimento do Concelho de Silves “Pé de Vento”, entidade sem fins lucrativos. Nos primeiros anos após a sua constituição a Associação desenvolveu formação profissional certificada. Posteriormente, concentrou-se quase unicamente na vertente editorial. Tem sido propósito central da Associação “Pé de Vento”, promover através do “Terra Ruiva”, a animação, debate e defesa das questões da problemática local, nas vertentes social, económica, política, cultural e ambiental, que se entrelaçam, naturalmente, com o todo nacional e internacional. O “Terra Ruiva” é lídimo representante da imprensa regional, cumprindo também com o dever de informação às nossas comunidades de emigrantes no estrangeiro.
O “Terra Ruiva” é um jornal sério, independente e plural, firme defensor dos valores democráticos e de um país livre e progressista.
Nos 25 anos de atividade regular ininterrupta, atravessando crises económicas e a pandemia de Covid-19, o segredo da resiliência do “Terra Ruiva” explica-se com o rigor da sua gestão administrativa e financeira, a distribuição militante do jornal, a participação graciosa dos colaboradores, que, mensalmente, escrevem livremente os seus textos e o volume elevado de trabalho pro bono. A sua resiliência está também no apoio contínuo do poder local, empresas, patrocinadores e assinantes. A parceria com estas entidades tem sido fundamental para a sustentabilidade e continuidade do projeto. Longe vai o tempo em que o jornal era entregue em mão (disquetes) na Profissional Gráfica em Tavira e depois viajava por autocarro com destino a Coimbra ou era dobrado e etiquetado, manualmente, e transportado em sacos até aos correios. As novas tecnologias encarregaram-se de eliminar estes procedimentos cansativos e obsoletos. A longevidade do “Terra Ruiva” prende-se também, de forma determinante, com a dedicação e profissionalismo da sua diretora, Paula Bravo.
O 25 de abril e o “Terra Ruiva” estão indissociavelmente ligados, pois ambos compartilham o compromisso com a liberdade, a democracia e os valores que sustentam uma sociedade mais justa. Não, por acaso, o “Terra Ruiva” foi lançado no já longínquo dia 25 de abril de 2000, constituindo-se como um marco e parte integrante da história da imprensa regional.