Março comemora o Dia da Mulher. Este é um dia em que seria ainda mais importante trazer para cima da mesa temas tão importantes relacionados com a luta das mulheres pela sua autonomia, liberdade, direitos e afirmação. A luta das mulheres atravessa séculos e manifesta-se em diversas formas, desde o combate pelos direitos mais básicos até à reivindicação de igualdade de oportunidades em todas as áreas da sociedade. Desde as sufragistas que, no final do século XIX e início do século XX, batalharam pelo direito ao voto, até às mulheres contemporâneas que continuam a exigir equidade salarial, representação política e o fim da violência de género, o caminho tem sido marcado por conquistas e desafios.
Apesar dos avanços alcançados, ainda persiste a necessidade de lutar contra desigualdades estruturais que limitam o pleno potencial das mulheres. No local de trabalho, muitas continuam a enfrentar dificuldades em termos de progressão na carreira, diferenças salariais e falta de representação em cargos de liderança. A violência de género, que se manifesta de diversas formas, desde o assédio sexual até à violência doméstica, continua a ser um flagelo que exige respostas eficazes por parte das autoridades e da sociedade como um todo.
Em 2024, a violência contra as mulheres em Portugal manteve-se uma preocupação significativa. No acumulado do ano, até 15 de novembro de 2024, o Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) da UMAR reportou 25 mulheres assassinadas em Portugal, número idêntico ao do mesmo período de 2023. Destes casos, 16 ocorreram em relações de intimidade. Além disso, registaram-se 53 tentativas de assassinato de mulheres, das quais 30 foram tentativas de femicídio. A maioria das vítimas tinha mais de 36 anos, e os agressores situavam-se maioritariamente na faixa etária dos 51 aos 64 anos.
Ainda estamos no inicio de 2025 e informações preliminares indicam tendências preocupantes. No início deste ano, registou-se um aumento no número de mortes relacionadas com violência doméstica em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Além disso, um estudo nacional sobre violência no namoro, divulgado em fevereiro de 2025, revelou um aumento na legitimação de comportamentos violentos entre os jovens. Dos 6.732 participantes, 75,3% não consideraram pelo menos um dos 15 comportamentos violentos mencionados no inquérito como sendo violência, sendo o controlo o mais legitimado, com 63,6%. Adicionalmente, 66,3% dos jovens que já tiveram ou têm uma relação de namoro afirmaram ter experienciado pelo menos um indicador de vitimação, com o controlo novamente a ser o comportamento mais reportado, por 50,8% dos inquiridos.
A educação desempenha um papel fundamental nesta luta, pois é através dela que se pode desconstruir estereótipos e promover uma cultura de igualdade, respeito e empatia, e construir um futuro mais justo.
A luta das mulheres não é apenas uma causa feminina, mas sim um compromisso de toda a sociedade. Apenas com a união de esforços, sensibilização e mudança de mentalidades poderemos construir um mundo onde todas as pessoas, independentemente do género, tenham os mesmos direitos e oportunidades. A história mostra-nos que a resistência e a determinação das mulheres têm sido capazes de transformar realidades, e essa força continuará a moldar um futuro mais igualitário para todos.
A força de uma mulher não é medida pelo impacto que todas as dificuldades tiveram sobre ela. Mas pela extensão de sua recusa em permitir que essas dificuldades ditem quem ela é e quem ela se torna. (C. JoyBell C.)
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