Prognóstico antes do jogo

Quando escrevo este artigo, ainda não soaram as 12 badaladas mais famosas do ano, aquelas em que uma grande parte da humanidade se junta num clamor coletivo e cada um, à sua maneira, tem aquela sensação de que apesar de tudo estar igual, alguma coisa mudou de repente.

Nada mais revitalizante do que a passagem de ano, aquele momento em que sacudimos o peso de 12 meses e desejamos uns aos outros um ano melhor do que aquele que passou. E quiçá acreditamos nessa possibilidade.

Talvez seja este um elemento fundamental na luta que a espécie humana empreendeu até aos dias de hoje. A capacidade de termos sempre esperança em algo melhor. E continuarmos a levantar essa bandeira mesmo quando os anos acumulados no nosso passado nos demonstram que, na maioria das vezes, isso se revela muito difícil e não concretizável.

De uma forma ou de outra, no entanto, o calendário move-se e chegamos ao virar do ano. E surge a tentação de fazer prognósticos sobre o prolongamento deste jogo da vida… E como será 2025?

A nível mundial, todo o mundo, literalmente, aguarda, com temor ou entusiasmo, a entrada de Donald Trump na governação dos Estados Unidos, um dos verdadeiros donos disto tudo… Na Europa em que vivemos esperam-se dias complicados no campo económico e político, com a degradação das condições de vida e de trabalho em muitos sectores. A forma como iremos lidar com os EUA e com a questão da imigração será determinante. Neste ano se verá se ainda resta à Europa alguma espinha dorsal e capacidade de decisão e de independência.

Em Portugal também as questões económicas e sociais serão cada vez mais determinantes. Já está a ser anunciado, o aumento do preço de muitos bens essenciais, situação a que o cidadão já está acostumado embora não se encontre explicação plausível para o mesmo produto ter um preço em dezembro e um outro em janeiro, sem que nada tivesse sido alterado.

Mas a estagnação em que vive a classe média, estrangulada por salários médios que não aumentam e créditos que aumentam constantemente, a precariedade no trabalho de uma larga percentagem de pessoas, os salários baixos da maioria dos trabalhadores e o número de pobres que tem vindo a crescer, são fatores que estarão em destaque no ano de 2025. Muitas lutas laborais estão a intensificar-se e assim continuará.

As dificuldades de acesso aos cuidados de saúde, a falta de professores nas escolas e a omnipresente crise na habitação tornarão 2025 um ano complicado na vida do dia a dia de muitos cidadãos.

A nível político, também é fácil fazer prognósticos antes do jogo… que aliás serão dois…  Um deles só se jogará em 2026, mas será em 2025 que se disputará a entrada em campo… falo das eleições presidenciais que já alimentam as ambições de um grande grupo de candidatos a candidato…

Com ambições, mas muito diferentes, joga-se um outro jogo muito mais próximo dos cidadãos e que envolve milhares de jogadores por todo o país. As eleições autárquicas de 2025, que se disputarão em setembro ou outubro, movimentam já muitas pessoas, fazem-se contactos e decorrem negociações. Mais para o final do primeiro trimestre de 2025, os capitães das equipas serão apresentados oficialmente e terá início o grande jogo que, de quatro em quatro anos, determina – e muito – o bem estar e desenvolvimento das comunidades.

Descendo um pouco ao nosso quintal, ao do Terra Ruiva, estamos a entrar no 25º aniversário de publicação, um número especialmente significativo que pretendemos comemorar, acreditando que temos razões para o fazer.

Já soaram as 12 badaladas e muito fogo de artifício morreu no céu quando o caro leitor estiver a ler este texto. Estamos no ano de 2025. Que seja melhor do que o anterior e que tenhamos razão e coragem para assim o construir.

 

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