O período estival, período de férias para grande parte dos portugueses, aproxima-se do fim. É uma fase do ano onde o calor é normal e agradável para quem descansa e goza férias, sobretudo perto do mar. (Férias pagas a quem trabalha eram um direito vedado às gerações anteriores São uma das conquistas do 25 de abril de 1974, numa medida tomada pelo governo provisório liderado pelo primeiro-ministro Vasco Gonçalves.)
Porém, mesmo em tempo de férias, não nos esqueçamos das questões ambientais. As temperaturas médias são tendencialmente cada vez mais elevadas, fruto das alterações climáticas, o que nos leva ao extraordinário e bicudo problema da escassez do bem público, que é a água, realidade inexorável que persiste e se agravará no futuro. Tanto ou mais grave, se os comportamentos não sofrerem alterações e não se tomarem medidas de fundo, alinhando a intervenção humana com as leis da natureza.
Segundo os cientistas, o século XXI tende a ser o século da escassez de água. A falta de planeamento e incompetência dos Governos da República, quanto à temática, não é compreensível, dado que o fenómeno era previsível há décadas. A estatística indica que a queda média de precipitação desde os anos sessenta até aos dias de hoje é de 37%.
O Algarve é das regiões mais afetadas pela escassez de água. Os níveis dos aquíferos e dos furos subterrâneos apresentam-se cada vez mais baixos, as infiltrações de água salgada ameaçam a água potável, enquanto as reservas superficiais caem para patamares alarmantes. Urgem novas barragens (aproveita-se cerca de 11% das escorrências). É necessário o aproveitamento de águas “excedentárias” (Alqueva, Guadiana) e a construção de dessalinizadoras desde que ambiental, social e economicamente sustentáveis, com gestão pública, cumulativamente com a redução de perdas de água nos sistemas de abastecimento em baixa e alta, maior eficiência no seu uso e utilização das águas residuais tratadas.
Mas, sobretudo (não haja ilusões), torna-se premente concretizar o objetivo que é estratégico – reduzir globalmente os consumos urbanos e agrícolas. No plano municipal afigura-se indispensável o combate às perdas reais de água nas redes de abastecimento de água em baixa e a redução do consumo humano.
A atual gestão autárquica de maioria CDU herdou uma situação delicada há 11 anos (maioria PSD), no quadro do funcionamento do sistema de abastecimento de água, que registava perdas de água superiores a 50% (!), que colocavam Silves entre os piores concelhos do país.
A situação foi revertida nos últimos anos com a formação de equipas qualificadas, que conduziu à reorganização e modernização integral do setor e à realização de elevado número de estudos, projetos e empreitadas, mobilizando milhões de euros de investimento, processo que prossegue.
Para o município revelou-se determinante a realização da empreitada “Dispositivos de Controlo e Redução de Perdas”, ainda em 2022, que proporcionou a implantação de 62 Zonas de Medição de Caudal, 27 zonas de controlo de pressão e a instalação de sistema de telegestão, dotando os serviços camarários de tecnologia avançada para o combate às perdas de água no sistema (roturas não visíveis).
No âmbito desta mesma estratégia o município de Silves garantiu a aprovação das candidaturas de 18 projetos ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) – Programa Regional de Eficiência Hídrica – no valor global de 6 milhões de euros, dotação máxima autorizada para cada um dos 16 concelhos do Algarve, sendo que vários obras já foram executadas. As reduções do consumo urbano no concelho desde janeiro do ano corrente, comparativamente a períodos homólogos, ultrapassando as metas estipuladas pelo governo (10%), demonstram que a autarquia silvense trilha caminho de sucesso.