Decorreu no dia 1 de novembro, na Sociedade de Instrução e Recreio Messinense, em São Bartolomeu de Messines, o lançamento nacional do livro “De Putin com amor”, a mais recente obra do escritor messinense José Sequeira Gonçalves.
A apresentação esteve a cargo de Alexandrina Lourenço, professora no Colégio Internacional de Vilamoura, a quem José Sequeira Gonçalves lançou o desafio de falar sobre o que descreve como sendo o seu “5º livro e 7º filho” e as três facetas do autor enquanto historiador, escritor e professor.
Assim “falando do livro” mas sem querer “desvendar a história”, Alexandrina Lourenço focou-se na linguagem utilizada pelo autor, a qual “faz um ping-pong entre o erudito e o simples”, conseguindo uma “escrita muito bela”, num livro em que “as questões não ficam resolvidas no final”.
Mas foi o próprio José Sequeira Gonçalves quem fez a maior intervenção, explicando aos presentes, que enchiam a sala, os factos históricos que conduziram à guerra da Ucrânia, desde a época em que a Crimeia e a Ucrânia faziam parte da União Soviética, até aos dias de hoje, passando também pelo percurso de vida de Vladimir Putin, e de como este se tornou presidente da Rússia e tomou todas as medidas legais, através da alteração da legislação, e não legais, matando ou prendendo os opositores, para assegurar a sua continuidade à frente do país.
Nesta autêntica aula de história, por parte do professor agora reformado, surgiram também constatações terríveis, como a de que “em 5000 anos de história só houve 300 anos sem guerra” pelo que “o estado natural da humanidade não é a paz, é a guerra” e de que, perante a situação internacional que se vive, podemos estar muito perto de uma catástrofe nuclear.
Depois da Europa ter registado 75 anos de paz (com exceção da guerra civil na Jugoslávia), “em 2022 ninguém acreditara que fosse possível, em plena Europa, um país invadir outro”, assim como “em 1939 também ninguém acreditava que o mundo fosse capaz de mergulhar na Segunda Guerra Mundial… mas ela aconteceu”, lembrou José Sequeira Gonçalves.
O escritor falou também da dificuldade de prever o que irá acontecer, “sabemos quando as guerras começam mas não quando acabam e como”, até pela dificuldade que existe de acesso a informação fidedigna em tempo de conflito, em que se “torna difícil distinguir conjeturas de factos”, sendo certo, porém, que “ninguém ganha uma guerra nuclear”.
Falando ainda sobre este tema, o autor lembrou que a guerra foi também o tema do seu primeiro livro “Cruz de Portugal”. Construído a partir da investigação que fizera sobre a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, o livro explana “ as misérias e as glórias dos soldados portugueses em terras de França durante aquele conflito”, sendo a ação iniciada em Silves.
A seguir a este livro, publicou, em 2010, o romance “Amanhecer na Rotunda”, em parceria com João Espada, uma obra comemorativa do centenário da implantação da República em Portugal. Esta obra foi adaptada ao teatro e subiu à cena pelo grupo Teatro Análise de Loulé. Em 2014 publicou “Adeus até ao meu regresso”, um romance de família que trespassa a história do nosso país até ao final do século XX.
Escreveu uma segunda peça de teatro “Zeca – Maior do que o pensamento”, que estreou em 2017, no ano em que se assinalaram os 30 anos da morte do cantor. Em 2018, inspirado num projeto que criou para lecionar as aulas de História no Colégio Internacional de Vilamoura, onde foi professor entre 1987 e 2021, publicou “Os 12 trabalhos de Apolo”.
O livro agora apresentado, “De Putin com Amor”, é editado pela Saída de Emergência e encontra-se à venda nos locais habituais, como a FNAC ou na loja online da editora.