O projeto Alojamento Local para Aves no concelho de Silves irá continuar a ser desenvolvido após a renovação do protocolo de colaboração entre o Município de Silves e a Associação Vita Nativa.
Ao abrigo deste acordo, foram instaladas, no concelho de Silves, três dezenas de caixas-ninho para diferentes grupos de aves urbanas com o objetivo de fomentar “o interesse e o contacto mais direto da comunidade em relação às aves.”
“Com uma taxa de ocupação a aproximar-se dos 50%, destaca-se a presença de aves em pelo menos uma caixa-ninho instalada nas Escolas Básicas do 2º e 3º Ciclos do concelho, o que do ponto de vista pedagógico e de sensibilização da comunidade para conservação da biodiversidade, apresenta um valor acrescentado”, informou entretanto a Câmara Municipal de Silves.
Para a autarquia, este ação enquadra-se no “tema da redução da biodiversidade por ação antropogénica” que tem evidenciado o papel das aves no controlo natural de pragas biológicas como a lagarta do pinheiro e roedores, reduzindo a necessidade do uso de substâncias químicas poluentes.
E acrescenta que “face aos resultados promissores”, “aguarda com expectativa a próxima época de reprodução, convidando os munícipes a contemplar os espaços arborizados do território e a acompanhar a evolução do projeto.”
Muitas espécies alojadas
O projeto Alojamento Local para Aves foi um dos vencedores do Orçamento Participativo Portugal 2018 e tem estado a ser desenvolvido no Algarve pela Associação Vita Nativa e o ICNF, com a colaboração dos 16 municípios algarvios.
O projeto teve o seu término no final de 2022, estando agora a Vita Nativa a renovar os protocolos de colaboração com as entidades interessadas em continuar esta ação que “visa promover locais de nidificação de aves rurais na Região do Algarve e sensibilizar para o papel que estas espécies têm nos ecossistemas, mostrando o quão benéfico também pode ser para os seres humanos.”
A primeira caixa-ninho foi instalada a 26 de novembro de 2020, na Ria Formosa, para alojamento de estorninhos-pretos.
Logo na primeira época de reprodução, das quase 600 caixas instaladas entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, cerca de 40% foram ocupadas por uma ou mais espécie de aves. Uma taxa que se manteve no segundo ano de ocupação, com um total de 472 crias nascidas no âmbito do projeto, nas 1569 caixas instaladas nos municípios da região.
A maioria das caixas, segundo a Vita Nativa, alberga várias espécies de chapins, mas também estorninhos-pretos, poupas e aves de rapina como os mochos-galegos, os peneireiros-vulgares e as corujas das torre. Apareceram também caixas ocupadas por pardal-doméstico, trepadeira-azul, torcicolo, melro-azul.
No concelho de Silves destacou-se a ocupação da primeira caixa-ninho com coruja-das-torres, no Algoz, e em Silves um caixa foi ocupada por um casal de melros-azuis.
De referir ainda que também no concelho foram realizadas ações em escolas, visando a sensibilização dos alunos para a existência deste projeto e os seus objetivos.
Nalgumas caixas, a Vita Nativa colocou câmaras de vigilância que permitem seguir a atividade das aves ali instaladas, um quotidiano que pode ser observado na rede social desta associação.