Novo programa de apoio para inquilinos de camas turísticas

O novo programa de Governo apresentado no passado dia 1 de Abril confirmou que em Portugal há cerca de 26 mil famílias em situação habitacional insatisfatória, e que os fundos do PRR destinados à habitação são a solução.

O apoio ao arrendamento está entre as medidas que o ministério de Pedro Nuno Santos apresentou. Com o aumento de alojamento local e com as inúmeras camas por construir, haverá nas praias dos Algarve capacidade para responder aos problemas de habitação do país?

1965- Resort Pena Furada

As praias são aquilo que muitos continuam a invejar no Algarve, mais do que qualquer outro aspecto da região. Desde o Farol do Cabo da Ponta Piedade até ao Farol do Cabo de Santa Maria, um quase contínuo de escarpas e de praia de areias brancas de acesso a todos. Esta linha costeira de falésias baixas com numerosas enseadas abrigando pequenas praias e extensões planas sobre a foz do rio e formações lagunares, é marcada pelos seus faróis, cais, promontórios e ilhas. No entanto,  a ocupação urbana do litoral continua a crescer. No seu conjunto, a extensão da orla litoral de Vilamoura ao Burgau (correspondente ao âmbito sectorial do POOC) construída representa hoje cerca de 40% dos 80km de costa, enquanto a urbanizada ou projectada (com direitos adquiridos para urbanização) pode aumentar em breve para 70% do total a ocupação urbana da mesma.

O fenómeno contemporâneo da urbanização incidiu no crescimento de pequenos sítios de pescadores, pontos ancestrais de pesca costeira, que, no auge do Turismo de all inclusive, subitamente começaram a desenvolver-se, estabelecendo na orla costeira cidades-lineares que formam um padrão peculiar baseado no desenvolvimento de pequenos centros urbanos. As maiores cidades e vilas, centros do hinterland, continuaram de costas para a praia, mantiveram-se agregadas a uma lógica territorial do hinterland agrícola. Muitas perderam os residentes, o capital intelectual e em especial população activa. Os que se deslocaram para as praias fizeram e fazem-no temporariamente em busca de saúde, lazer, e de oportunidades de negócio e emprego, mas poucos são os que ali encontraram a cultura, a educação e cuidados de saúde de uma cidade.

Em 1962, a costa algarvia, em toda a sua extensão, tinha cerca de 56 mil camas turísticas, em 2019 eram quase 450 mil camas para igual numero de residentes, em toda a região, da Praia à Serra. Entre Burgau e Vilamoura, que representa 74% desta capacidade, ainda se encontram por construir 20 mil camas previstas em plano. No entanto em 2020 confirmava-se a tendência de declínio nas camas turísticas. Os dados da Pordata revelam um decréscimo de 100 mil camas turísticas entre 2019 e 2020. Os novos dados demográficos revelam um saldo positivo na região do Algarve entre 2011 e 2021, com crescimentos acima da média nos concelhos de Vila do Bispo, Lagos, Albufeira e Portimão. Este crescimento, com excepção de Silves e Lagoa, revela que provavelmente muitas destas camas turísticas (onde se inclui também o alojamento local) foram convertidas em mercado de arrendamento.

 

 

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