Poderá o aspirante a Geoparque Algarvensis transformer Silves na melhor das pequenas cidades para viver e trabalhar no Algarve? O que falta à cidade com um castelo, a pedra grés e o rio?
O contexto do aspirante a Geoparque é a oportunidade para repensar a infraestrutura geológica da cidade, mas também a sua vida e cultura urbana, bem como o acesso à natureza que o rio Arade e as ribeiras do Enxerim e da Caixa d’Água proporcionam.
As grandes obras dos últimos vinte anos (Polis e reabilitação urbana), junto ao castelo e nas margens do rio Arade, trouxeram turistas à cidade, mas também novos e velhos residentes que encontraram qualidade ambiental, a saúde e o bem estar. Para a cidade do grés, para além dos geosítios, das pedreiras, dos menires e do lince, esta é uma oportunidade para abordar a regeneração do espaço urbano-rural. A hidrografia do rio Arade é a oportunidade de interligar equipamentos como o parque desportivo da cidade e o Bairro do Enxerim, à ponte romana, e à Cruz de Portugal. Um percurso com 3km de forte caracter lúdico mas também urbano rural onde o comercio e a restauração que no passado privilegiaram a proximidade do itinerário da EN124 estão hoje comprometidas com a transição ecológica e economia circular. Para além dos turistas que Silves poderá receber em 2022 com a reabertura do Mercado Municipal, a transformação do território urbano rural tem condições para atrair massa critica à cidade e mão de obra qualificada nos sectores da tecnologia e industrias criativas, em especial os que procuram viver mais perto das cadeias naturais de transformação.
Silves deve apostar na conectividade entre programas e equipamentos, usando a sua estrutura ecológica, a hidrografia do rio e ribeiras. Como cidade sustentável e pioneira da consciência ambiental na região, a infraestrutura urbana de Silves deve promover os valores da biodiversidade, da saúde e bem estar em todos os aspectos do seu território. Se considerado neste âmbito, o aspirante a geoparque pode abrir caminho para a regeneração urbana do tecido periférico ao longo do rio Arade a jusante, num esforço que Silves pode e deve partilhar com os municípios vizinhos de Monchique, Lagoa e Portimão.
Tendo como exemplo a futura dinâmica dos Mercados Municipais de Silves e Messines, o aspirante a geoparque é a oportunidade para promover novos produtos, hábitos de consumo e comportamentos. Para que tal aconteça, partindo do recém inaugurado mercado de Silves, podemos olhar para as explorações hortícolas ao longo do rio e facilitar a conectividade pedonal e ciclável. Um potencial para unir equipamentos públicos, produtores e áreas de produção, e interligar uma rede maior de espaços públicos dentro da cidade, formando relações mutualísticas entre as diversas instituições da cidade e áreas de importância ecológica, cultural e social em prol de um ecosistema mais rico e biodiverso. Motivação que poderá desbloquear o acesso e recursos, mas mais importante, uma troca dentro de uma rede que há muito está inativa.