Meus caros diocesanos e quantos, em tempo de Natal, sentis um apelo mais forte à construção da verdadeira fraternidade humana. A todos dirijo a minha mensagem natalícia, inspirada numa imagem recorrente do Papa Francisco – precisamos de pontes, não de muros –, acompanhada pela afirmação de que Cristo é O que constrói em Si mesmo a grande ponte de comunhão plena com o Pai e entre toda a humanidade, realidade que o Natal recorda e celebra.
Aliás, o caminho do Advento é pródigo em imagens sugestivas que, pela voz de Isaías e de João Batista, nos dirigem idêntico apelo: preencher vales, abater montes, aplanar caminhos, ou seja, eliminar todos os obstáculos que possam impedir o nosso encontro com Cristo e com os que nos rodeiam.

Celebrar o Natal deve constituir para todos uma oportunidade para assumir a decisão de abater toda a espécie de muros, unir margens, comunicar, construir pontes, estabelecer uma relação com quem é diferente de nós, pela língua, cultura, religião… acolher e partilhar realidades novas, construir a fraternidade em todas as direções.
Imagens a que ninguém fica indiferente. São famílias inteiras, homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, que procuram um lugar onde viver em paz, muitos deles decididos a arriscar a vida, numa viagem que se revela longa e perigosa, sujeitando-se a fadigas e sofrimentos, vítimas da exploração e da instrumentalização e, infelizmente, muitos encontrando a própria morte. Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental. Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações que se vêm juntar a problemas já existentes, bem como a disponibilidade de recursos que são sempre limitados (cf. Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2018).
• Capazes de acolher e socorrer os mais frágeis de todas as origens e proveniências;
• Ter comportamentos cívicos responsáveis, em tempo de agravamento da crise pandémica;
• Ser semeadores de esperança e testemunhas da alegria como os pastores, os Magos e quantos se encontram com Cristo e o acolhem na sua vida.
Que neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade e o empenho pessoal em ser construtores da verdadeira paz.
Para todos invoco as bênçãos do Deus-Menino!
Convosco confio à proteção da Virgem Maria, como Mãe de Jesus e nossa Mãe, o Novo Ano que vamos iniciar.
Manuel Neto Quintas
Bispo de Faro (Algarve)