A origem da influência sobre o presépio tradicional algarvio, remonta ao século XVI, quando o cardeal Bérulle introduz, em
Avignon (França), a tradição das searinhas e das laranjas ao lado do Menino Jesus, para Ele abençoar as sementeiras e as
árvores de fruto.
No século XVII, os conventos armam o presépio colocando a imagem do Menino Jesus em cima do altar.
No século XIX, no barrocal algarvio, nove dias antes do Natal, preparava-se a casa para armar o presépio ou armar o Menino,
em cima da cómoda que estava em frente da porta da casa de fora. No chão, à frente, ficava uma esteira de empreita, muitas
vezes com motivos geométricos polícromos.
O Presépio Tradicional Algarvio, denominado “serrenho” apresenta-se simples e sóbrio, armado em escadaria, com o menino Jesus em pé, no alto.
Nas casas mais abastadas, os degraus são cobertos com toalhas de linho rendadas e bordadas à mão; nas mais humildes arma-se um altar modesto, sobre uma cómoda coberta com uma toalha de renda branca, com o menino ao centro rodeado de searinhas, laranjas e flores, utilizando os materiais que a natureza oferece.
As searinhas são semeadas a 8 de Dezembro e no dia de Reis, são transplantadas, com votos de boas colheitas para o ano novo que se aproxima, mas nunca dão espiga.
No Barrocal, as laranjas colocadas no presépio não serviam apenas para ornamento. Possuir laranjas era sinal de distinção. Quando um afilhado ou pessoa amiga fazia uma visita na quadra natalícia, dava-se uma laranja que estava no presépio. Se vinha o médico ou o prior a casa, as famílias sentiam-se honradas se eles retirassem uma peça de fruta do seu presépio.
As imagens do Menino Jesus devem-se essencialmente aos pinta-santos algarvios que surgiram no século XIX. Estes procuraram reproduzir as imagens dos imaginários, sobretudo o Menino Jesus que, no Algarve, se chama Pai do Céu. A maioria das famílias algarvias tinha em casa uma destas imagens. Era costume os pais oferecerem aos filhos, como prenda de casamento, a imagem do Menino Jesus e / ou do Pai do Céu.
Tradicionalmente, entre o dia de Natal e o dia de Reis, as pessoas iam de casa em casa entoando cantares frente a cada presépio e levando consigo um balaio com o Menino Jesus, para as pessoas beijarem e contribuírem com uma esmola.