A Secretária de Estado da Indústria, Ana Lehman visitou recentemente o Algarve numa viagem que a levou a conhecer algumas empresas incubadas no CRIA- Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve. Durante a visita, a Secretária de Estado exortou a qualidade e potencial das empresas visitadas, indicando que o Algarve tem “condições muito especiais para a Agroindústria” e manifestou o seu desejo de que a mesma “floresça”.
Em tudo concordo com as declarações da Secretária de Estado; creio que o Algarve apresenta condições ímpares para o sector da Agroindústria, nem que seja pelo facto de ser uma região que já teve um grau elevado de especialização na área Agroalimentar antes da loucura do turismo ter assentado arraiais na região e pelas condições endafoclimáticas de que a região desfruta.
Dito isto, acrescento que tanto esta potencialidade como a realidade (turística) está seriamente colocada em risco pelo estado absolutamente deplorável das estradas algarvias neste momento.
A requalificação da EN125 arrasta-se há anos, naquilo que parece a reedição algarvia das obras de Santa Engrácia. Recordemos que a requalificação da EN125 foi apresentada como uma “contrapartida” para a colocação de portagens na A22. As portagens foram colocadas e a EN125 continua a ser requalificada, sendo pouco mais do que “transitável”.
A EN124 tem troços em estado lamentável. E o IC1? Bem, a estrada principal que liga o Algarve ao resto do país foi severamente afetada pelas últimas chuvas. Seguramente os leitores já se depararam com as autênticas “covas” que polvilham a estrada que liga São Bartolomeu de Messines à ligação da EN125, e digo-o no sentido funerário, dado que se tiverem o azar de lá meter o pneu, pode não ser só o pneu a ir á vida. O exercício de ir a Albufeira é hoje uma aventura; um nível de um jogo de vídeo, em que temos de ziguezaguear para evitar cair nos buracos.
Tendo isto em conta, e dado que a atividade económica, e especialmente a agroindústria aclamada pela Secretária de Estado, necessita de levar os produtos que produz para os mercados, dificilmente os conseguirá fazer em estradas em estado deplorável. Se não for pela agroindústria, que seja pelo turismo; duvido que os turistas desfrutem das suas férias se tiverem de evitar os buracos das estradas algarvias às guinadas no volante.