Em maio de 2018, um grupo de amigos vai repetir a viagem realizada em 2015, ao famoso “corredor de tornados”, nos Estados Unidos.
Um dos membros da equipa é Bruno Gonçalves, natural de Portimão, mas residente em Silves há vários anos. O único algarvio a participar nesta aventura explica como se faz a “caça aos tornados” e por que é que essa atividade é muito mais do que uma coisa de “maluquinhos”…
O gosto pela “observação de fenómenos meteorológicos extremos” começou muito cedo em Bruno Gonçalves. Este engenheiro do ambiente diz que desde muito jovem tinha “o prazer de estar à janela a ver as trovoadas”. Um prazer que foi aprofundando e que aliou ao gosto pela fotografia e assim começou “a tirar fotografias às trovoadas”.
Na altura havia já em Portugal uma “comunidade amadora entusiasta da meteorologia, nada muito organizado”, mas o suficiente para trocar opiniões e conhecimentos.
O interesse pelos fenómenos meteorológicos acentuou-se com a ocorrência do tornado de Silves-Lagoa, em 2012, uma vivência marcante. É em 2014 que se reúne a equipa de entusiastas que se propõe ir até aos Estados Unidos “caçar tornados”, os eventos meteorológicos mais intensos e em maior quantidade no planeta.
Mas e porque “não somos só aqueles maluquinhos da trovoada” que partem em busca de “adrenalina”, passando por situações que comprovadamente colocam vidas em risco, criam então a TROPOSFERA – Associação Portuguesa de Meteorologia Amadora, uma associação sem fins lucrativos, com sede em Lisboa, da qual Bruno Gonçalves é presidente da Direção. A sensibilização da população, realização de workshops, cursos e outras atividades relacionadas com a temática da meteorologia são algumas das atividades desenvolvidas pela associação.
Em 2015, os “caçadores de tempestades”, como ficaram conhecidos, partem para os Estados Unidos, mais propriamente para o “Corredor dos Tornados”, onde passaram três semanas, “a vivenciar as tempestades mais severas do planeta”. Dessa experiência nasceu o documentário “No Caminho dos Tornados” constituído por 6 episódios, “um documentário pioneiro em Portugal e onde se tenta conhecer as especificidades meteorológicas daquela zona e efetuar uma comparação com a realidade portuguesa, tentando perceber o que se poderá fazer em Portugal, de forma a melhorar as previsões e a prevenção para este tipo de situações”, como se explica no site da TROPOSFERA.
Além das imagens espetaculares, o documentário tem uma forte componente pedagógica, incluindo entrevistas com técnicos do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) e do seu congénere americano.
Pode ser visualizado no site da associação: www.troposfera.pt.
Em Maio repete-se a aventura
Atualmente, a equipa da TROPOSFERA está a preparar uma nova viagem, a realizar em maio, na “altura típica dos tornados, quando acontecem as tempestades mais severas, na transição das estações”, diz Bruno Gonçalves.
Mas quem só viu a caça aos tornados a partir do canal Discovery Channel, que esqueça o que viu. A viatura onde a equipa viaja é uma carrinha de sete lugares comum, com algum equipamento meteorológico. Nela percorrem centenas de quilómetros “analisando as várias previsões meteorológicas, tentando descobrir a zona alvo, onde o tornado é mais intenso e dirigindo-nos para lá, para fotografar e documentar”. É uma atividade que tem tanto de sorte como de risco.
No meio “da adrenalina”, como diz Bruno Gonçalves, há no entanto a consciência de que a beleza e imponência da tempestade arrastam consigo a destruição e muitas vezes a morte. Por isso, o “efeito adverso” não o deixa feliz, mas sim a possibilidade de “presenciar o que a atmosfera nos proporciona”. Também por isso, acrescenta: “não vamos para lá à toa”. Além da formação que é necessário ter, há que possuir também equipamento adequado que “permita em tempo real estar a ver as imagens da tempestade no radar”, para conseguir uma posição que seja o mais segura possível mas que permita, ainda assim, apreciar e vivenciar “o impressionante poder da atmosfera”.
Viajando por conta própria, a equipa da TROPOSFERA, composta por Bruno Gonçalves, Saúl Monteiro, Miguel Pereira e Henrique Santos (e ainda Artur Neves que este ano não participa na viagem) está a recolher patrocínios de empresas e entidades e também de particulares para efetuar esta viagem. Pretende produzir a 2ª temporada do documentário “No Caminho dos Tornados” e há também a possibilidade de editar um livro com as fotos tiradas nas três semanas de viagem. À semelhança do que aconteceu em 2015, haverá espaço publicitário disponível em vários suportes para divulgação e colocação de nomes e logótipos das empresas que queiram apoiar. Para tal, basta contactar a TROPOSFERA.
E quem sabe, assim levar um pouco de Silves até ao corredor dos tornados americanos…
Nota: Uma irritante gralha pousou no nome da associação TROPOSFERA, na nossa edição em papel. Feita a correção, apresentamos também um pedido de desculpa.