No concelho não há quem não conheça a Banda Filarmónica Silvense criada em 1933, na continuidade de outras bandas, mais antigas, que existiram na cidade.
Uma verdadeira escola para músicos de várias gerações que acabou por se estabelecer formalmente quando, há 10 anos, foi criada a Escola de Música. Mais recentemente, a direção da Sociedade Filarmónica Silvense empenhou-se na renovação da banda e também da escola.
À beira de comemorar os 85 anos, neste mês de fevereiro, esta coletividade apresenta os seus projetos e “sonhos”…
Para que uma banda filarmónica perdure é necessária uma constante renovação de músicos, o que é assegurado pela Escola de Música. Consciente dessa realidade, há dois anos, a direção da Sociedade Filarmónica decidiu apostar num novo modelo de ensino. Atualmente, a Escola de Música encontra-se a funcionar, de segunda a sexta-feira, com aulas de solfejo entre as 14h30 e as 19h30, e aulas instrumentais, com uma aula individual semanal, marcada de acordo com a disponibilidade do aluno e do professor.
São de momento 35 alunos, de idades variadas, que frequentam as aulas de música lecionadas pela “prata da casa”, ou seja, por antigos alunos que entretanto concluíram a sua formação superior na área da Música.
Os professores dividem-se pelas seguintes áreas: Tiago Pires – percussão; Daniela Pedro – clarinete; Roberto Costa – trompete e metais; Daniel Marques – saxofone; Elsa Marques – flautas; Gabriela Pires – solfejo.
Além das aulas, a Filarmónica fornece também os instrumentos musicais, as palhetas, as partituras e todos os materiais necessários aos alunos, que pagam uma mensalidade de 20€, um montante modesto, possível de manter graças aos apoios institucionais da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Silves.
Há um ano foi criada a Banda Infanto-Juvenil que é dirigida pelo professor Tiago Pires. Contando já com algumas atuações, esta banda tem revelado um grande potencial e tem sido muito acarinhada pelo público e pela direção da Sociedade Filarmónica.
À conversa com o Terra Ruiva, o presidente Abílio Silva (filho do anterior presidente com o mesmo nome), e Sónia Rochate, secretária da direção, destacam a importância desta banda, para possibilitar aos mais pequenos não só a aprendizagem da música, como o convívio e a participação em eventos.
Além disso, para os que participam na Banda Juvenil “é mais fácil integrar a banda principal”, assegurando assim o rejuvenescimento da mesma.
Um esforço que, aliás, tem sido patente nos últimos anos, também pela aposta na renovação do repertório da banda principal, “mais atual e com bandas sonoras de filmes”, que é dirigida pelo maestro Carlos Amarelinho.
No campo musical, destaca-se ainda que a Sociedade Filarmónica Silvense também disponibiliza aulas de piano, com o professor João Santos, e aulas de acordeão com o professor Luís Gama.
Também se canta
Também se canta na Sociedade Filarmónica Silvense e com muita qualidade, como pode testemunhar quem assista à atuação do Grupo Coral que foi criado em 1998. Dirigido atualmente pela maestrina Vera Batista, este é um grupo de cantores amadores, quase todos residentes em Silves, e que conta com um bom número de cidadãos estrangeiros. Com 32 elementos, o Grupo Coral ensaia uma vez por semana, às terças-feiras, das 20h às 22 horas e está disponível para aceitar novos membros.
Estão igualmente abertas inscrições para a constituição de um Grupo Coral Infantil, um projeto que a direção da Sociedade está a tentar consolidar. Para os interessados, fica a informação de que este grupo é também dirigido pela maestrina Vera Batista e que o ensaio é à terça-feira, das 18h às 20h.
Dificuldades e sonhos
A dificuldade de gerir e manter uma coletividade com múltiplas atividades e envolvendo tantas pessoas, é bem conhecida do atual presidente, Abílio Silva, que desde muito pequeno se lembra de acompanhar o pai e ouvi-lo relatar as peripécias relacionadas com a Sociedade Filarmónica Silvense, da qual foi presidente durante décadas.
Manter vivo o legado mas ao mesmo tempo modernizá-lo e garantir a sua continuidade – é o grande desafio da atual direção. Ou, como diz Sónia Rochate, “evoluindo mantendo a tradição”.
Às dificuldades financeiras que normalmente todas as coletividades manifestam e à necessidade de recorrer a trabalho voluntário dos órgãos sociais e de muitos sócios e amigos, juntam-se as dificuldades logísticas. A principal tem a ver com o transporte pois não é fácil a deslocação de uma banda filarmónica, com as suas dezenas de elementos e instrumentos. Sem transporte próprio, muitas vezes, a Banda Filarmónica vê-se obrigada a recusar convites para participação em eventos fora do concelho e para intercâmbios de bandas.
Mas, independentemente de todas as dificuldades, vai mantendo os seus eventos anuais, o Encontro de Bandas, no primeiro fim de semana de setembro e o Encontro de Coros, na 2ª quinzena de outubro, participa nas atividades religiosas, como as procissões, e em todas as iniciativas para as quais é convidada e tem possibilidade de se deslocar.
Tem também novos projetos, entre os quais se destaca a expansão da Escola de Música às restantes freguesias do Concelho de Silves, uma ideia que deverá ser posta em prática com o apoio das juntas de freguesias e outras entidades.
Mais difícil de concretizar é o projeto a que Abílio Silva e Sónia Rochate chamam de “o sonho”… Para melhorar o trabalho da coletividade e expandi-lo, a direção sonha com a ampliação das instalações. A sede, no antigo edifício da EDP, cedido pela Câmara Municipal de Silves torna-se já apertado para as múltiplas atividades… Para minorar o problema, a autarquia cedeu um contentor que a Sociedade transformou em sala de arrumos, libertando assim algum espaço na sede e criando novas salas de aulas. Mas “o sonho” mantém-se de pé… à espera de uma melhor oportunidade… “Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para concretizar esse projeto e os outros”, conclui o presidente Abílio Silva.