Os corticeiros de Silves foram homenageados pela Câmara Municipal, com a inauguração de um conjunto escultório representando diversos trabalhos dessa atividade.
Junto à Cruz de Portugal, encontra-se o conjunto do homem com dois burros carregados de cortiça, representando o trabalhador que trazia a cortiça da serra até à cidade. Na rotunda, em frente, encontram-se representados os operários que faziam a raspagem da cortiça e a escolha das rolhas. As peças são da autoria do escultor Carlos de Oliveira Correia.
A cerimónia de inauguração foi presidida por Rosa Palma que, na sua intervenção, destacou a importância da indústria corticeira para a cidade de Silves e concelho, e o destaque mundial que alcançou. A presidente da Câmara de Silves lembrou também as lutas dos corticeiros silvenses por melhores condições de vida e de trabalho, recordando aqueles que tiveram a triste honra de inaugurar o campo da morte do Tarrafal e o operário José Vitoriano que esteve 17 anos nas cadeias da PIDE e que, após o 25 de abril, foi nomeado vice-presidente da Assembleia da República, até hoje o cargo mais alto ocupado por algum silvense.
Rosa Palma abordou ainda o assunto do Museu da Cortiça de Silves para afirmar que a Câmara e o seu executivo continuam empenhados em trabalhar para que se possa de novo abrir as suas portas.
Esteve também presente António Goulart, dirigente da União dos Sindicatos do Algarve que justamente evocou o passado de luta dos corticeiros do concelho e o seu enorme papel na luta pelos direitos dos trabalhadores em geral e na luta contra o fascismo.
A última intervenção foi do escultor Carlos de Oliveira Correia que agradeceu ao Município de Silves a oportunidade de realizar este trabalho e ao professor Manuel Ramos, antigo diretor do Museu da Cortiça, que lhe prestou a ajuda necessária para melhor entender o mundo da cortiça.
A um grupo de antigos corticeiros e a familiares foi entregue uma placa comemorativa desta homenagem que emocionou muitos do presentes, nomeadamente o vice-presidente da Câmara de Silves, Mário Godinho que não escondeu a sua emoção mas também a sua satisfação com esta homenagem.
Uma homenagem, como diziam muitos dos presentes, que tardava, sem que se compreendesse como é que durante tantos anos este importante período da história da cidade de Silves (e das freguesias vizinhas onde também havia muitas fabriquetas) esteve tanto tempo ignorado.
Recorde-se que, só em 2014, foi organizada, pela primeira vez pela autarquia de Silves, uma iniciativa que recordasse este período, que aconteceu com uma sessão solene que assinalou os 90 anos sobre a manifestação corticeira de 22 de junho de 1924.
De referir ainda que nesta inauguração estiveram presentes dezenas de pessoas, muitos antigos corticeiros e pessoas ligadas a essa indústria, além do executivo permanente e do vereador Rogério Pinto, bem como o presidente da Junta de Freguesia de Silves, Tito Coelho.