É no número 316 da Rua da Junqueira, perto de Belém, que se encontra a mercearia mais algarvia de Lisboa. Luísa Silva, de Olhão, mudou-se para Lisboa para abrir um espaço que tem o Algarve lá dentro, desde o Sotavento ao Barlavento. E não podiam faltar os produtos regionais de Silves.
Marafada, a mercearia algarvia, abriu as portas em Julho de 2016. A ideia surgiu da “falta que sentia, em Lisboa, dos produtos da terra” e “dos folares de Olhão principalmente”, revela Luísa Silva. O local divide-se entre mercearia e espaço de refeições. São servidos pratos tipicamente algarvios com produtos regionais, como a muxama de atum ou os figos, que são os reis numa salada. A ementa é composta por variadas saladas como a Desalvorada, a Magana ou a Manienta. Tudo com palavras tipicamente algarvias e com ingredientes como a amêndoa, o figo ou a estopeta de atum.
Na montra estão expostos os tradicionais doces finos. Vêm do Benaciate, é Matilde Santos Neto Alves que os comercializa para a Marafada. Os Dom Rodrigo também não faltam, assim como um bolo de laranja com cobertura de chocolate. Já o bolo Morgado Fingido é uma especialidade de Luísa Silva, feito de amêndoa e gila. Tudo, mais uma vez, com produtos da terra. A laranja do Algarve é comprada no Mercado Abastecedor de Lisboa, para não faltar na loja de Luísa.

Antes de começar “esta aventura”, Luísa Silva percorreu várias empresas regionais no Algarve de forma a conseguir produtos para a mercearia. Os produtos de Olhão são uma constante, como os patés da Manná, empresa conserveira localizada no concelho. Mas existe um pouco de todo o Algarve na Marafada: os vinhos de Lagoa, o azeite de Santa Catarina de Tavira, o sal de Castro Marim, o mel de Aljezur, a água de Monchique.
As compotas de Moncarapacho são um sucesso de vendas, assim como o sal, as conservas ou os bolos feitos com produtos regionais. Os curiosos acabaram por se apaixonar pelo pão, que apesar de não ser algarvio, é uma réplica bastante exacta. “Já existem pessoas que cá vêm buscar o pão todos os dias. Em Lisboa é muito difícil encontrar pão como nós o conhecemos.”, diz Luísa Silva.
A decoração do espaço também está de acordo com o conceito, com cores leves que fazem lembrar o mar. Até se tem direito a um dicionário de algarvio para quem quiser fazer uma consulta rápida. As expressões algarvias estão espalhadas em pequenos quadros pela parede. E as antiguidades, como o candeeiro a petróleo ou um fogão a petróleo, são uma constante.
Os vinhos são um dos pontos fortes do espaço. Vinhos de Lagoa, de Portimão, de Tavira. E não podiam faltar os vinhos de Silves, encontra-se o vinho Euphoria da Quinta Convento do Paraíso, localizada no concelho. Vende-se o tinto, o rosé e o branco.
Uma outra variante deste espaço é a Petisqueira do Sul, que alia o melhor da cozinha espanhola com a cozinha típica algarvia. São servidos petiscos ou tapas, resultante de uma fusão entre a comida espanhola e a algarvia.
A Marafada é uma ode à cultura e à herança algarvia, mesmo para quem, como Luísa Silva, trocou o sul pela capital. Um pouco do Algarve em Lisboa para levar o que é regional mais longe.