O único tsunami ocorrido em Portugal nos últimos mil anos, ocorrido em 1775, deixou vestígios da sua passagem bem marcados na costa algarvia.
Uma equipa de investigadores de várias nacionalidades andou “à caça” do tsunami nos cordões dunares do Algarve, mais precisamente em Armação de Pêra e Alcantarilha, até à Galé.
O estudo com os resultados dessa investigação foi publicado na revista científica Geomorphology. O Terra Ruiva consultou esse trabalho, dirigido pelo investigador Pedro Costa, do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
No estudo são referidos os vários elementos que mostram a existência do tsunami, a força, altura e velocidade das ondas e as consequências deste evento na composição das zonas costeiras analisadas.
Estas alterações provocadas pela passagem do tsunami, de tão profundas, são ainda hoje evidentes. Ou seja uma camada arenosa, quando se escava, ou blocos de pedras diferentes do habitual, com conchas típicas de zonas mais profundas, os sinais são visíveis e podem ser procurados pelo cidadão comum.
Como é do conhecimento histórico, o maremoto ocorrido em 1775 causou uma enorme destruição em toda esta zona da costa algarvia, havendo relatos do mar ter entrado pelas povoações vizinhas como Alcantarilha, Pêra e Armação de Pêra onde, por exemplo, se diz que apenas uma casa ficou de pé.
Mas, no caso deste trabalho, o seu objetivo não é apenas descobrir o que aconteceu no passado, mas também ajudar a prever o futuro, nomeadamente os efeitos e consequências de um evento deste género. Pretende também compreender a mecânica dos tsunamis e ajudar a prever qual a frequência com que Portugal pode ser atingido por um fenómeno desta natureza.