Há alguns anos que o fenómeno começou, vem crescendo e no ano passado houve um número muito elevado de queixas.
No verão de 2015, o Terra Ruiva fez notícia com o “fenómeno”. Mas este ano, um vídeo nas redes sociais foi o rastilho para uma situação que se agrava. Depois da divulgação do vídeo, ontem e hoje, vários meios de comunicação social fizeram notícia sobre o tema: a “marcação” de lugar na praia de Armação de Pêra. Em jornais e vários canais de televisão, o caso ganhou o nome de “A Praia Fantasma”.
Face à diminuição do areal da praia e a expansão das áreas concessionadas, muitas pessoas encontraram o que pensam ser a solução para conseguir ter lugar na praia, na zona urbana: logo de manhã bem cedo, pelas seis ou sete da manhã descem ao areal e colocam o chapéu de sol..
Depois, vão à sua vida, e voltam mais tarde, certas de que terão o seu lugar assegurado.
O fenómeno não é novo e tem motivado muitas queixas. A generalidade das pessoas que considera esta atitude uma grande falta de civismo, queixa-se à Câmara Municipal de Silves que encaminha as reclamações para a Capitania de Portimão, a entidade que tem a tutela da praia.
Há também quem reclame na Junta de Freguesia de Armação de Pêra mas a própria autarquia é proprietária de três zonas concessionadas que garantem uma verba extra e significativa aos cofres da autarquia. Assim, embora o presidente da Junta garanta que está consciente do problema e da diminuição do areal, não é fácil ser a entidade pública a abdicar da receita. ( ver entrevista sobre o tema feita ao presidente Ricardo Pinto há poucas semanas, aqui: http://www.terraruiva.pt/2016/07/16/a-polemica-dos-toldos-em-armacao-de-pera-entrevista-a-ricardo-pinto-presidente-da-junta-de-freguesia/
Exigir que sejam os concessionários privados a fazê-lo, torna-se ainda mais difícil, quando têm de assegurem uma série de condições de higiene e segurança, que custam dinheiro.
Do lado dos frequentadores da praia em zonas livres, as queixas são muitas. Na zona urbana da praia, com bons acessos e perto das habitações, as áreas não concessionadas são precisamente as que têm menos areal e as que estão mais sujeitas a inundações com a subida das marés. Por outro lado, as zonas de areal livre, na Praia dos Pescadores e adjacente, implica, na maior parte dos casos, deslocação com o automóvel e nesse caso pagamento de estacionamento, ou a deslocação a pé que se torna impraticável para famílias com crianças pequenas, ou idosos com pouca mobilidade.
Aliás, nas redes sociais, em especial nos grupos de Facebook relacionados com Armação de Pêra, os relatos destas situações e a indignação com a forma como o espaço da praia tem vindo a ser gerido é uma constante que tem vindo a subir de tom.
Já hoje, a Capitania de Portimão, em declarações à RTP, fez saber que as áreas concessionadas são autorizadas de acordo com o plano de ordenamento da orla costeira em vigor e que depois o cumprimento das normas é objeto de fiscalização durante a época balnear.
Explicações que não parecem ter abrandado a rede de indignação que vai nas redes sociais e que tem tido repercussão na comunicação social. Hoje mesmo, o Jornal de Noticias fazia deste assunto a sua manchete, e vários jornais e canais de televisão, divulgaram o assunto.
O aumento do areal da praia de Armação de Pêra é uma das medidas que consta do Programa para a Orla Costeira Odeceixe- Vilamoura que esteve em consulta pública no mês passado. Mas é cedo para afirmar se essa obra irá mesmo ser executada e quais os resultados que alcançará.
Para já, o verão de 2016 ficará marcado por mais este aparecimento de Armação de Pêra na comunicação social… e mais uma vez por razões negativas.
Link para o vídeo: http://www.sabado.pt/multimedia/videos/detalhe/armacao_de_pera_as_8_da_manha.html