Foi apresentada no dia 25 de junho, na Quinta da Cruz, atual Hotel Capela das Artes, em Alcatarilha, a mais recente obra do escritor João Nuno Aurélio Marcos, intitulada Traidor ou Patriota? – José Diogo Mascarenhas Neto (Um notável algarvio no lado errado da história).
Perante a sala cheia de um público atento e ansioso por conhecer este novo livro, publicado pela Arandis Editora, abriu a sessão o editor, Sérgio Brito, que agradeceu a presença da assistência e congratulou-se pelo autor ter escolhido novamente a Arandis para a publicação de mais uma obra relativa à história do Algarve, concretamente a biografia de um dos mais notáveis algarvios dos séculos XVIII e XIX.

De seguida usou da palavra Maria João Raminhos Duarte, que teve a seu cargo a apresentação da obra. Começou por referir que a história local e regional desempenha um papel de extrema relevância para a história nacional e que esta só estará completa quando aquelas estiverem escritas com rigor e credibilidade.
A investigadora mencionou que o livro “centra-se numa narrativa de acontecimentos da época e da vida de José Diogo Mascarenhas Neto, das suas circunstâncias e daqueles que o rodearam”. Acrescentou que o autor analisou e refletiu “sobre o seu impacto na sociedade da época, nomeadamente a sua dinâmica política face aos vários poderes, bem como a sua atuação face aos franceses, dado que ele foi um colaboracionistas de Napoleão, baseando-se em acontecimentos que alteraram o rumo da história”. Por fim Maria João Duarte afirmou que a obra traz um contributo significativo para a historiografia e para a preservação da identidade algarvia e nacional, sublinhando “a utilidade de uma produção como esta no campo da pesquisa histórica local e regional”.
Falou depois o autor, que por opção foi parco em palavras, agradecendo a várias pessoas e entidades que o apoiaram e incentivaram a desenvolver este trabalho. Aurélio Marcos, advogado de profissão e já com uma obra historiográfica relevante, aludiu que mais importante que as suas palavras são as que ficam escritas no livro, que perpetua a vida e obra deste insigne algarvio.
O último orador, o presidente da União de Freguesias de Alcantarilha e Pêra, João Palma, regozijou-se por a sua terra ter sido berço de tão importante figura da história nacional, estando o mesmo perpetuado na toponímia local, numa das principais artérias de penetração na vila. Referiu ainda que o presente livro contribui para o enriquecimento da história local, sendo um elemento bantante importante para a sua difusão, tal como outras obras já existentes sobre o território alcantarilhense.
José Diogo Mascarenhas Neto, natural de Alcantarilha, onde nasceu na referida Quinta da Cruz, no seio de uma destacada família algarvia. Foi um dos 24 elementos escolhidos pelo marquês de Pombal para inaugurar o Colégio dos Nobres, em Lisboa, onde estabeleceu ligações de amizade com vários membros da nobreza nacional e frequentou a Universidade de Coimbra, formando-se em Leis e Matemática.
Ocupou diversos cargos, como o de juiz-de-fora, corregedor, desembargador da Casa da Suplicação, superintendente geral das Calçadas e Estradas ou superintendente geral dos Correios e Postas do Reino.
Liberal, com ligações à Maçonaria, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa e sócio correspondente da Sociedade do Museu de Paris, foi preso em 1810, por ter tomado partido do lado das tropas napoleónicas, sendo exilado em Inglaterra e na França.
Nesta época foi um dos portugueses mais discriminados, sendo dos poucos que não foi amnistiado após a expulsão dos franceses. A relevância de tal personalidade na história da sua época valeu-lhe o epíteto de “homem da mudança”.
Texto: Jorge Palma
Foto: Nuno Campos Inácio ( Arandis Editora)