Francisco Labisa tem 10 anos e um sorriso tímido. Mas este ano foi o único atleta do país a conquistar duas medalhas individuais, no Campeonato Nacional, em Duplo Mini Trampolim, onde alcançou o 1º lugar, e no Tumbling, o 3º lugar.
O seu professor, Paulo Monteiro Pinto, responsável pela ginástica na Casa do Povo de Messines, desde 2008, aponta-lhe um talento fora do comum e condições para continuar a progredir.
Este jovem, que já destacara anteriormente noutras provas, começou o seu percurso na ginástica por volta dos sete anos, estimulado pela mãe. Conta o professor Paulo Pinto que na primeira vez em que participou numa prova, acabou por ficar um pouco “triste” porque, apesar de ter sido o melhor atleta, não ganhou nenhuma medalha, consequência do regulamento que “proíbe a seriação individual nos infantis”.
Na época de 2013/14 teve a nota individual mais alta quando a equipa da Casa do Povo foi Campeã Nacional de Duplo Mini- Trampolim e Tumbling. Em 2014/15, na Ginástica Acrobática, conseguiu o título de Campeão Nacional, juntamente com Raquel Coelho. Na época de 2015/16, de uma só vez conquistou duas medalhas. Que juntou às “20 e tal” que já tem em casa…
Com base nestes resultados, caso já tivesse 11 anos, Francisco Labisa seria seguramente chamado para representações internacionais, considera Paulo Pinto.
A classe de ginástica da Casa do Povo junta hoje mais de 100 atletas, dos 5 aos 19 anos, que têm conquistado vários títulos, individuais e coletivos, que impulsionam e estimulam os atletas, professores e pais. Só com a união destes elementos tem sido possível prosseguir este trabalho, destaca Paulo Pinto, que sublinha ainda as boas condições que a Casa do Povo tem para a prática deste desporto. À parte o inconveniente de “ter de estar a montar e a desmontar” o equipamento, para o pavilhão onde treinam ser usado para outras funções, as condições são “das melhores do Algarve”, com “aparelhos de última geração”, nomeadamente o “duplo mini trampolim que foi o segundo a vir para Portugal”. Condições, diz Paulo Pinto, que permitem “atacar em todas as frentes”. Ou seja, desenvolver a ginástica em várias vertentes e de forma a incluir mais jovens, desde aqueles que “apenas gostam de apresentações” até àqueles que têm condições e que querem entrar nas competições. O objetivo, diz este responsável “é poder dar a todos os que cá estão a possibilidade de fazerem o que gostam”.
Para os que querem competir, o caminho é naturalmente mais difícil. Há que treinar, ter disciplina e conseguir ultrapassar o receio natural que alguns exercícios provocam.
Francisco Labisa que tem um gosto particular pelo tumbling, onde faz exercícios como saltos mortais e piruetas, diz que não tem medo. Por vezes acontecem acidentes, como em qualquer desporto, e Andreia Martins, também um grande valor da ginástica da Casa do Povo, ainda está a recuperar de uma fratura do pé, como conta quando casualmente se junta à conversa… A motivação certa na altura certa é a chave deste processo, explica Paulo Pinto. É mais fácil para atletas que começam, “numa fase mais tenra” e depois é seguir o caminho “do mais simples ao mais complexo, com base no reforço positivo e na confiança”.
Há por vezes atletas que regridem, depois de uma queda ou lesão… Outros há em que o espírito competitivo se impõe. “Se cair, levanto-me”, diz Francisco Labisa.
Esta característica é das que mais contribui para o sucesso que Francisco tem alcançado, uma vez que compete nas provas de duplo mini trampolim a “prova rainha da ginástica, onde há mais participação a nível nacional” acrescenta Paulo Pinto.
No dia da nossa reportagem, estava agendada a participação de Francisco no Campeonato Nacional de Trampolim, que decorreu no dia 14 de maio, em Viana do Castelo. Uma prova em que o jovem atleta conquistou mais um título, o 2º lugar em trampolim individual.
Daí para a frente logo se verá. Com tudo a correr de feição, novas medalhas chegarão com certeza.