O balanço dos quatro anos de existência do Agrupamento Escolas de Silves foi uma das atividades que encerrou a Semana do Agrupamento que decorreu de 2 a 6 de maio.
Uma semana que permitiu a realização de atividades desportivas, culturais, educativas e recreativas que se desenvolveram nas várias escolas do Agrupamento, com a participação de alunos, professores e encarregados de educação e que permitiram o contacto entre a vasta comunidade educativa que agora se congrega no Agrupamento Escolas de Silves.

No final desta “troca de experiências”, realizou-se um debate com o tema “O Agrupamento que temos… O Agrupamento que queremos! A reflexão de quatro anos!”.
Praticamente todos os intervenientes no processo educativo estiveram presentes: o diretor do Agrupamento, João Gomes; o delegado Regional, Francisco Marques; o presidente do Conselho Geral, Manuel António Domingos; os coordenadores dos estabelecimentos: Magda Santos ( S. Marcos da Serra), Anabela Melo (Messines), Tito Mendes (Silves), Margarida Luz (pré-escolar e 1º ciclo); o representante dos professores, Manuel Ramos; os representantes das associações de pais, Adriana Luís e Filipe Afonso; a representante dos alunos, Jéssica Duarte; e a representante da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do Concelho de Silves, Adélia Lourenço. A moderar o debate esteve a diretora do Terra Ruiva, Paula Bravo.
Fazer o balanço dos quatro anos de funcionamento deste “mega” agrupamento – formado contra a vontade das direções das escolas e da maioria dos professores e pais – foi o objetivo central deste encontro.
O diretor João Gomes reconheceu a existência de muitas dificuldades no início do processo, sendo que as mais importantes se prendem com a própria dimensão do agrupamento: 2316 alunos, 309 professores, 124 funcionários; 12 escolas com distâncias entre elas que chegam aos 30 Kms ( entre a sede em Silves e as escolas de S. Marcos da Serra).
“Estava habituado a ser diretor de uma só escola, da Secundária de Silves, passei a ser de 12 escolas”, comentou, reconhecendo um grande esforço pessoal no desempenho deste cargo. “Só com uma grande equipa, que tenho a sorte de ter, é que conseguimos”, reforçou.
Nos primeiros tempos, contou o diretor João Gomes, o processo de integração foi muito difícil mas os problemas encontram-se hoje “esbatidos” e começa a existir uma “cultura do Agrupamento” facilitadora da integração e do trabalho.
Ainda assim, foi evidente no decorrer do debate que muitos dos presentes continuam a “desconfiar” das vantagens que um mega agrupamento escolar pode trazer, um desconforto manifestado principalmente pelo representante dos professores, Manuel Ramos, que se afirmou muito “cético” antes e agora; a representante da Associação de Pais de Messines, Adriana Luís e a coordenadora de Messines, Anabela Melo. Ambas consideraram que estar longe da sede e da direção é desvantajoso e causa entraves à resolução dos problemas, não obstante a “boa vontade” do diretor e da sua equipa. Também Adélia Lourenço, que durante muitos anos foi diretora do Agrupamento de Messines, defendeu a reversão dos mega agrupamentos e o regresso à “educação da proximidade”.
O melhor aproveitamento dos recursos, a possibilidade de coordenar as diferentes etapas do processo educativo, a partilha de experiências entre escolas diferentes e com realidades diferentes, e uma maior integração social dos alunos, foram alguns dos benefícios apontados pela criação do agrupamento. “É um fator de inclusão de alunos”, defendeu Francisco Marques, que chamou a atenção para as enormes mudanças que as escolas e a Educação atravessaram nos últimos anos e considerou que este processo desafia as escolas e os professores a saírem da perspetiva “da minha escola, dos meus alunos” e a terem uma “visão mais alargada”.
No encerramento deste evento, a moderadora Paula Bravo afirmou que tinha ficado claro, pelas participações dos intervenientes e algumas do público, que a formação e funcionamento dos mega agrupamentos continua a ser um assunto polémico. No que se refere ao Agrupamento Escolas de Silves concluiu que estes últimos quatro anos foram feitos de vitórias e de derrotas e que “qualquer que seja o futuro deste Agrupamento e das suas escolas, só poderá ser construído de uma forma eficaz com a colaboração e o empenho de todos os agentes desta comunidade educativa…”.