É no meio de uma crise sem precedentes para a imprensa que o Terra Ruiva alcança nesta edição o seu 16º aniversário.
Nos últimos dias, o maior nome da imprensa económica nacional o “Diário Económico”, o “Independent” (jornal britânico de referência, equivalente ao Público) e o Jornal do Baixo Guadiana, um mensário semelhante ao Terra Ruiva, editado pela Associação Odiana, passaram a ter apenas edições digitais.
Por toda a parte tocam as campainhas de alarme. E nós por cá?
O nosso aniversário é sempre uma ocasião para refletirmos sobre a imprensa e em particular sobre o papel e o futuro de um jornal como o nosso.
Há uma realidade que nos ultrapassa. Um exemplo do dia a dia: há poucas semanas estive numa inauguração. Finda a cerimónia, fui fazer algumas compras. Ao voltar para o escritório, cerca de uma hora mais tarde, já vi publicadas, no facebook, por mais do que uma pessoa, fotos e comentários sobre essa cerimónia. Não havia nenhuma informação relevante, mas o “retrato” do acontecimento estava ali. E, não duvido que será o suficiente, para muitas pessoas. Nas redes sociais a informação resume-se cada vez mais às breves linhas de abertura da notícia que muitos partilham e comentam.
Para alguns dos nossos leitores, já pouco sentido faz ir uma vez por mês à papelaria à procura do jornal. Escreveu-me um, há alguns dias: “desisto da minha assinatura, agora sigo o jornal pela internet”. Outros há que nos seguem exclusivamente através das folhas de papel. E há os que seguem a edição on-line, sem deixarem de ler a edição em papel. A questão é – como conseguir dar resposta a todos?
Até porque a informação via sites ou redes sociais traz agarrada a ela a ideia, muito falsa, de que tudo ali é gratuito. E a informação custa muito dinheiro a produzir!
Este dilema está na ordem do dia de todos os meios de comunicação social e está muito longe de ter uma resposta eficaz…
E então, neste mundo em que a grande maioria das pessoas tem acesso à internet, nas suas várias formas, e por essa via a um caudal de informação, a outra questão que se coloca é: qual poderá/deverá ser o caminho de um jornal como o nosso?
Das conversas que temos tido com os nossos colaboradores e com leitores ainda não conseguimos extrair uma resposta. Não queremos deixar para trás os leitores que não acedem à internet, e sabemos que não conseguimos concorrer com o cidadão que no próprio local saca do seu telemóvel e coloca a foto do evento numa plataforma acessível a todos.
Aceitar os nossos limites e constrangimentos não é tarefa fácil quando o que nos motiva é fazer um bom trabalho. Mas isto é de alguma forma como quando se começa a aceitar a idade que temos… Aos 20 não posso fazer as tontarias que fazia aos 10, aos 50 não aguento uma direta…
O importante, como tantas vezes dizemos no nosso dia a dia, é estarmos vivos. Vamos fazendo o nosso trabalho de acordo com as nossas possibilidades, sem esquecer os princípios fundamentais do jornalismo e um sentimento acrescido de responsabilidade e de ambição para fazer melhor. Com esta edição, atingimos os 16 anos…
E repetindo o que tantas vezes já escrevi: um Caloroso Agradecimento a todos os que nos ajudaram a chegar até a esta edição.