A Casa-Museu João de Deus dinamiza, no dia 5 de março, um percurso literário, intitulado “Há Poesia no Penedo”.
A atividade inicia-se às 15h, sendo o ponto de encontro a Escola EB1 de S. B. Messines.
Prevê-se que o percurso dure aproximadamente duas horas, tendo um grau de dificuldade baixo e sendo, por isso, acessível a públicos de todas as idades que desejarem participar.
Esta atividade, desenvolvida em parceria com o Grupo de Teatro Penedo Grande e a Junta de Freguesia de S. B.Messines procurará aliar o desporto à cultura, promovendo o contacto com a natureza e a poesia.
Os interessados deverão inscrever-se na Casa-Museu João de Deus através do telefone 282 440 892 ou do email casamuseu.joaodeus@cm-silves.pt. A inscrição é gratuita.
O nosso Penedo Grande é muito mais do que um simples cume, onde o arenito impera, dominador e telúrico, nas suas naves de pedra, afrontando a ondulação dos montes fronteiros, perdendo-se no horizonte.
Onde, mesmo nas tardes cálidas de Verão, corre, doce, uma brisa fresca e suave, que nos afaga o espírito.
Onde, nos tempos difíceis e persecutórios da ditadura salazarenta do anterior regime torcionário do Estado Novo, os amantes da Liberdade comemoravam o Dia Primeiro de Maio, em que a democracia escorria, abundante, em alegre convívio, animada pela grafonola do Fernando Machado – novidade nesse tempo -, a que se tinha, de quando em quando, de dar à manivela.
Pouco nos interessa que o acidente orográfico, que, hoje, é o Penedo Grande, tenha sido já o fundo do mar, há muitos milhões de anos, onde a sua rocha se sedimentou, ao longo dos brutais fenómenos tectónicos que o nosso planeta sofreu.
(continuação do comentário de 12/03/16)
O que para nós, messinenses, verdadeiramente conta é que o Penedo Grande é, além de tudo isto, a memória colectiva, o ícone mítico e ponto de encontro, no tempo, de muitas gerações ancestrais dos poetas da nossa terra, que nele buscaram a evasão, o recolhimento e a inspiração, de que restam, esculpidos na rocha ruiva, os testemunhos que deixaram para a posteridade.
O nosso João de Deus foi, certamente, um dos seus visitantes e, do seio da envolvência amiga daquelas rochas e do panorama absorvente e deslumbrante, que se estende a perder de vista, terá surgido a criação de muitas das pérolas que integram a sua poesia simples e ingénua, que, como tudo o que é simples, é a mais bela.