As imagens da baixa da cidade de Albufeira, destruída com a intempérie do dia 1 de novembro, fizeram notícia durante vários dias. Mas também o concelho de Silves foi duramente atingido e registou várias situações complicadas, embora de menor dimensão.
Na nossa edição de novembro fazia-se o relato, em cima da hora, das consequências do mau tempo, numa altura em chegavam notícias dispersas sobre as situações que se iam registando, com mais gravidade, nas freguesias de Algoz, Alcantarilha e Tunes.
Um mês depois, faz-se o balanço ao ocorrido.
Segundo o relatório dos Serviço Municipal de Proteção Civil e Florestas (SMPCF), apresentado em sessão camarária, nesse fim de semana registaram-se no nosso concelho 34 ocorrências, das quais foram 31 inundações. Em resultado das inundações registadas em habitações, foi necessário proceder a 13 operações de resgate (cinco em Alcantarilha e oito em Algoz/Tunes), sendo que nove pessoas ficaram provisoriamente alojadas nas instalações da Casa do Povo de Messines, que cedeu gratuitamente os quartos do seu hostel. Essas pessoas receberam apoio da Santa Casa da Misericórdia de Alcantarilha, bem como da Delegação Silves/Albufeira da Cruz Vermelha, que disponibilizou psicólogos.
Nas operações ocorridas nestes dias participaram 97 operacionais e 37 viaturas, estando envolvidas várias entidades, desde a Câmara Municipal de Silves, os Corpos de Bombeiros de Silves e Messines, as juntas de freguesia, a Cruz Vermelha Portuguesa (Delegação de Silves/Albufeira), a GNR (destacamento territorial e GIPS), a Casa do Povo de Messines e outras entidades privadas que cooperaram com as autoridades durante as operações.
Inundações
As inundações foram a principal consequência do mau tempo que se fez sentir no Algarve, particularmente nos dias 1 e 2 de novembro, quando a região ficou sujeita a uma precipitação muito intensa que gerou situações de cheias rápidas e inundações urbanas em Albufeira, Loulé e Silves.
No caso de Silves, a chuva muito intensa, “em determinadas baciais hidrográficas (ribeiro Meirinho, ribeira de Alcantarilha, Gavião, Baralha, Falacho, Enxerim e Barranco do Olival entre outros) e, muito provavelmente, a falta de limpeza dos cursos de água terão contribuído para um aumento exponencial, imediato e generalizado dos caudais dos cursos de água, com especial enfase na ribeira de Alcantarilha e principais tributários, cuja bacia hidrográfica se estende de São Bartolomeu de Messines a Armação de Pêra onde encontra a sua foz. Sendo este o principal curso de água afectado por cheias, as ocorrências foram-se sucedendo “grosso modo” de norte para sul, com picos de concentração à medida que as águas chegavam as áreas urbanas adjacentes, designadamente em Tunes, Algoz e Alcantarilha», afirma o relatório.
Houve também inundações urbanas em habitações isoladas, garagens e alguns espaços comerciais, queda de postes e estruturas e inúmeras derrocadas de barreiras, muros e vedações. Foram danificadas pontes e pontões, bermas e caminhos rurais e muitos troços e campos agrícolas ficaram temporariamente submersos.
Foram afetadas essencialmente as freguesias de São Bartolomeu de Messines, União de Freguesias de Algoz/Tunes e Alcantarilha/Pêra.
No Algoz, algumas ruas do centro da povoação foram invadidas pela água, colocando muitas dificuldades a pessoas que viram as suas casas inundadas e também muitas garagens. O mesmo aconteceu em Alcantarilha e, tanto numa freguesia como noutra, surgiram vários relatos de pessoas que se queixaram da falta de ajuda das autoridades. Também em Tunes houve zonas muito afetadas, com destaque para a zona empresarial. Já na freguesia de Messines, os danos foram principalmente nas zonas rurais, essencialmente nos caminhos.
Menos complicada esteve a situação nas freguesias de Silves e de Armação de Pêra que registaram apenas “ocorrências residuais”. Para tal terá sido decisiva a intervenção “preventiva” realizada pela Câmara, em locais que habitualmente têm problemas. Foi este o caso no Bairro Caixa d’Água e Enxerim, que consistiu em limpezas e abertura de valas e encaminhamento de águas pluviais, e em Armação de Pêra com a abertura do cordão dunar, a criação de barreiras de proteção aos apoios de praia e a abertura de valas junto ao Parque de Campismo.
No referido relatório adianta-se que a articulação e comunicação entre os diferentes intervenientes nestas operações decorreu “com normalidade, de acordo com as exigências expetáveis”, mas sublinha-se a necessidade de se “tipificar alguns procedimentos implementados e estabilizar equipas específicas para responder aos riscos/fenómenos”.