E quem de direito está, verdadeiramente, interessado nelas? Em desenvolvê-las, em promovê-las, em proporcioná-las, como direito, a cada um dos cidadãos a governar?
O analfabetismo e a ignorância permanecem, entre nós… E tem havido várias experiências, entre elas a de Bento de Jesus Caraça. Lá pelas décadas 30 e 40, bem lutou contra isso, resolveu pôr em prática, palestras ensinando matemática na chamada Universidade Popular, a operários e pessoas com pouca instrução, para terem consciencialização crítica e desafiarem a ditadura do Estado Novo. Após o 25 de Abril, por sondagem realizada, havia 42% dos portugueses não sabiam ler nem escrever. Como é possível haver “gente que não vê com os olhos abertos”?
E a tecnologia avança, avança, embriagando vários – mas, não tenham ilusões- não é para melhorar a vida, de todos, de cada um, sim, é para juntar mais milhões às bolsas. E qual será o efeito final? Talvez, o aparecimento dos robots e a morte do sonho, do voo, da criatividade, do apagamento final da parte mais nobre do ser humano, o qual se instalará, no agradável e adormecente conforto do seio do robot. Claro, para os que o possam comprar. E os outros? Ora outros, nem os topam! E, entretanto, fazem, por aí e por ali, encontros e mais encontros, palestras, tomando grandes decisões, subscrevendo convenções, como por exemplo a Convenção da Unesco para a Proteção e Promoção das Expressões Culturais.
Já lhe sentiram a música? Cheira a cultura?…-Pois cheira… E quase todos os países do mundo a subscreveram, incluindo Portugal. Mas, ora, ora, isso é filme para entreter. O que é que isso interessa? Decisões que não passam de fogo de artifício que nem as cinzas se aproveitam? Ora, ora… Mas, como se explica que o ser humano tenha a ciência tão evoluída e permaneça, ainda, tão indiferente, tão ambicioso, tão cruel? Na verdade, a educação e a cultura continuam a não ser promovidas, proporcionadas.
Aqui, deixem-me dizê-lo, até, entristece a forma como os professores permanecem tratados. Eles são os essenciais elementos para o necessário desenvolvimento de qualquer sociedade. Mas, que interessam todos esses, professores e os carecidos de educação e cultura, à meia dúzia dos chicos-espertos, que permanecem, no seu conforto, regaladamente alimentado, não vendo nem palmo, com os olhos abertos e coração o fechado. E a educação e cultura apagar-se-iam se não existissem os artistas, os apaixonados da luz que lhes dá a cor, a forma, o som, o sonho. Que cada um aumente o seu saber, em geral! Disso depende o melhor existir de todos. Na mesa- de- cabeceira, aliás, como despertador, coloquemos um livro ou um jornal, e habituemo-nos a ler um bom bocado, antes de adormecer.