Um projeto de investigação da Universidade de Coimbra que analisou a saúde da população portuguesa entre 1991 e 2011 concluiu que a saúde melhorou em 98% dos municípios analisados.
No entanto, mais de metade dos concelhos está abaixo da média de referência, o que é o caso de Silves. O nosso concelho regista até uma ligeira queda em 2011, relativamente a 2001. O acesso aos cuidados de saúde e o consumo do álcool são dois indicadores que surgem a vermelho nos indicadores.
Este estudo foi desenvolvido no âmbito do Projeto GeoHealthS- Geografia do Estado de Saúde, coordenado pelo Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra e cofinanciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e com o apoio de diversos parceiros.
O Índice de Saúde da População (INES), desenvolvido pelo projeto GeoHealthS, é uma medida que agrega resultados em saúde e determinantes em saúde. Aqui, a saúde da população é avaliada em seis dimensões que correspondem a grandes áreas: sócio-económica, de ambiente físico, de estilos de vida, de cuidados de saúde, de mortalidade e de morbilidade e em 43 critérios de avaliação, relativos aos determinantes da saúde e aos resultados em saúde.
A nível nacional, regista-se uma evolução positiva em vários aspetos como o aumento da esperança de vida aos 65 anos, a diminuição das mortes evitáveis (sensíveis à prevenção primária, promoção da saúde, cuidados de saúde e pobreza), os ganhos no acesso aos cuidados de saúde e farmacêuticos, aumento da cobertura de sistemas de água e de saneamento, melhorias na habitação, aumento da população com ensino superior e diminuição do abandono escolar. Mas o estudo continua a destacar a existência de assimetrias entre os municípios e constata uma tendência de evolução negativa em 31% dos municípios entre 2001 e 2011, ( entre os quais Silves) que está associada a determinantes em saúde, nomeadamente a fatores económicos e sociais.
Esses fatores estão relacionados com: alta taxa de desemprego e a dependência de idosos, a menor proporção de população coberta por sistema público de abastecimento de água e saneamento, valores altos de mortalidade prematura associada ao consumo de tabaco, às condições de pobreza e sensível ao acesso tempestivo aos cuidados de saúde e pior desempenho na acessibilidade a hospitais de referência.
Silves abaixo da média
No caso do concelho de Silves, este apresenta uma média de 796,6, o que é abaixo do valor de referência: 835,5; e bastante abaixo do valor apresentado pelo Top 10: 936,6.
Estes valores colocam Silves, a nível regional, no penúltimo lugar, apenas acima do concelho de Alcoutim.
Seguindo os diferentes indicadores que contribuem para este resultado, surgem situações negativas tais como: rede deficiente de saneamento e água potável; má qualidade ambiental, falta de segurança nas ruas e nas moradias; baixa taxa de frequência do ensino superior, muitas famílias monoparentais, desemprego e solidão dos idosos. Nos fatores que têm a ver diretamente com a saúde constata-se uma alta mortalidade evitável por promoção e prevenção, o que poderá estar relacionado com outros indicadores que são a dificuldade de acesso aos cuidados primários, pela sua falta de proximidade e igualmente pela pouca capacidade de resposta desses serviços, como aponta o estudo.
Surgem ainda outros valores pouco animadores, como um elevado consumo de álcool, alto número de doentes com Sida, muitas mortes associadas à pobreza e a acidentes rodoviários.
Para quem quiser aprofundar este tema, é de referir que este estudo se encontra disponível on-line no endereço: http://saudemunicipio.uc.pt/ .